A perspectiva pentecostal clássica assembleiana brasileira associa a “segunda besta” ou “o Falso Profeta” descrita em Apocalipse 13.11-18; 19.20 e 20.10 com o ecumenismo escatológico. Observemos alguns comentários sobre a questão:

“Esta outra besta ajudará a primeira a preparar o mundo para adorar o anticristo (v. 12) e a enganar a humanidade mediante a operação de grandes milagres (vv. 13,14; cf. Dt 13.1-3; 2 Ts 2.9-12). Esta outra besta trata-se do “falso profeta” (19.20; 20.10). Uma imagem do anticristo será colocada no Templo de Deus (Dn 9.27; Mt 24.15). Seus “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro” simbolizam seu esforço par enganar o povo, fingindo ser amoroso, manso e solícito. Na realidade, porém, seu caráter nada tem de cordeiro, mas de dragão (cf. Mt 7.15). A segunda besta liderará uma falsa igreja ecumênica que adorará o anticristo. Isso será efetuado, em grande parte, mediante grandes sinais e maravilhas (vv. 13,14). Sua atuação, em certos aspectos, será uma imitação do ministério sobrenatural do Espírito Santo (cf. 2 Ts 2.9,10)”. (Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD, 1995, p. 1999)

“O Falso Profeta será uma espécie de “ministro de cultos” do governo do Anticristo enquanto durar a Grande Tribulação. Ele promoverá um grande avivamento religioso mundial, juntando todas as seitas e credos religiosos existentes na época, formando uma superigreja mundial. Ele “também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu fará descer à terra, diante dos homens”. Evidentemente serão prodígios de mentira (Ap 31.13), operados segundo a eficácia de Satanás (2 Ts 2.7,8)”. (Raimundo de Oliveira, As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, 2017, p. 335)

“Cremos que o Concílio Mundial de Igrejas, com a sua política ecumenista, está sendo instrumento de Satanás para levantar na Terra uma superigreja que, após o arrebatamento da verdadeira e triunfante Igreja, dará suporte espiritual ao governo do Anticristo, da Besta e do Falso Profeta, durante a Grande Tribulação. Por estas e tantas outras razões, repudiamos o Concílio Mundial de Igrejas e a sua política ecumenista”. (Raimundo de Oliveira, Seitas e Heresias, CPAD, 2001, p. 251)

“O Falso Profeta – [Do gr. pseudoprophētes] Preposto de Satanás que, no período da Septuagésima Semana de Daniel, assumirá o controle da religiosidade humana, dando-lhe um caráter ecumenista, secular e essencialmente demoníaco. Declarando-se o Messias esperado de Israel, reivindicará adoração e outras deferências só devidas ao Todo-Poderoso. Colocar-se-á no lugar de Cristo como se fora o mesmo Deus. Aliás, Anticristo, no original grego, significa precisamente aquele que se coloca no lugar de Cristo. Com os seus milagres falsos e sinais mentirosos, dará sustentação à Besta, cuja função, no reino de Satanás, será controlar politicamente o mundo. […]” (Claudionor de Andrade, Dicionário de Profecia Bíblica, CPAD, 2013, p. 112).

“O Falso Profeta será, pois, um superlíder religioso. Pelos versículos 12 e 15 vê-se que ele promoverá uma religião universal em torno da primeira besta. O ecumenismo, já bem configurado por toda a parte, visando unir todas as igrejas, e aceitando pessoas de todas as procedências religiosas (bastando que “creiam” em Deus) está por aí. O palco está armado. Faltam apenas os atores para o drama…” (Antonio Gilberto, Daniel & Apocalipse, CPAD, 2019, p. 190)

“[…] A personagem diabólica que acabamos de abordar é um superlíder político, mas este é um superlíder religioso. Ele é mencionado três vezes com “Falso Profeta” (Ap 16.13; 19.20; 20.10). Ele é a segunda besta já mencionada no início deste ponto (Ap 13.11-18). […] Ele será o auxiliar direto do Anticristo; o seu Ministro de Cultos; um insuperável ministro religioso, mas enganador. Ele promoverá um incomparável movimento religioso mundial, unindo todos os credos, seitas, filosofias, igrejas modernistas e ecumênicas, formando uma só igreja mundial. […] Há por toda parte muita gente religiosa, mas insatisfeita, e que deseja uma igreja única, mundial, onde tudo, ou quase tudo seja permitido. Não é uma igreja como Jesus quer, como vemos no livro de Atos dos Apóstolos, mas uma igreja como eles e elas querem; é o mundo dentro da igreja, e a igreja dentro do mundo. De uma tal união ilícita, surgirão “filhos” a quem, quando Jesus vier, com certeza dirá: “Em verdade vos digo que não vos conheço” (Mt 25.12). São filhos não nascidos do Espírito, mas de uma religião mista, humanista e mundana. O Concílio Mundial de Igrejas, formado em 1948, em Amsterdam, Holanda, está aí, à frente do movimento ecumênico mundial, acenando para todos, e muitos estão indo para lá. […] Sim, haverá uma superigreja mundial nos últimos dias. Será uma igreja muito rica, que terá apoio da Besta. Seu perfil está em Apocalipse 17. De acordo com Mateus 24.23-26; 2 Timóteo 3.1,5; Apocalipse 13.13-16, os últimos tempos da atual dispensação serão de grande religiosidade (falsa), pois o Diabo sabe muito bem da importância da religião para embalar o espírito do homem; para acalentá-lo. […] O único ecumenismo que convém à Igreja do Senhor é o de João 17.21: ‘A fim de que todos sejam um; como és tu, o Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste’. Tal ecumenismo vem da nossa união real e vital com Deus. Em Adão, todos somos irmãos por descendência natural, mas em Cristo só podemos ser irmãos mediante o novo nascimento, a conversão operada pelo Espírito Santo na criatura. (Antonio Gilberto, O Calendário da Profecia, CPAD, 2019, p. 63-65).

Como podemos observar nas citações acima, o pentecostalismo clássico assembleiano brasileiro compreende claramente que o atual discurso ecumênico, fundamentado num amor desprovido de verdade bíblica, não passa de uma etapa no processo que culminará com o advento do Anticristo e do Falso Profeta, e numa religião única e mundial.

Conscientes ou inconscientes disso, alguns líderes católicos romanos, evangélicos tradicionais e pentecostais estão adotando o discurso ecumênico e partindo em defesa de práticas ecumênicas alegando filantropia, ambientalismo, combate às injustiças sociais etc.

Que a verdadeira Igreja de Jesus precisa ter voz profética sobre tais questões isso é inegável, mas ela não precisa e nem deve em nome de uma suposta manifestação de unidade se associar “religiosamente” com quem se diz “irmão” mas promove, defende ou pratica a devassidão, a avareza, a idolatria, as práticas sexuais ilícitas ou os falsos ensinos (1 Co 5.9-13; 6.9-11; 2 Co 11.1-15; Gl 1.6-9; 3.1; Ef 4.11-14; 1 Tm 4.1,2; 2 Tm 4.1-5; 2 Jo 1.10,11).

A defesa e a promoção do ecumenismo no contexto assembleiano brasileiro já é uma realidade em alguns círculos acadêmicos, feito através da publicação de livros, de artigos e da realização de eventos “cooperativos”, que trabalham no sentido de aproximar e envolver a denominação com tal prática, o que acabaria por relativizar questões doutrinárias e comprometer as atividades evangelísticas e missionárias da igreja.Que estejamos atentos e prontos para combater tal desvio, para não sermos instrumentos ou agentes cooperadores no projeto escatológico satânico e diabólico do Anticristo e do Falso Profeta, que envolve a criação de uma religião mundial que “acolherá” todas as religiões e religiosos do mundo.

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