Um dos grandes paradoxos na vida de muitos pastores e líderes, e que enquanto trabalham para a edificação da Igreja (Ef 4. 11-14, maturidade, desenvolvimento, crescimento espiritual), eles mesmos não crescem. Sem dúvida alguma, uma das razões disso são as muitas ocupações, e a pesada carga de trabalho acumulada.

O perigo de se ocupar com aquilo que não é essencial para o exercício da liderança cristã foi vivenciado pelos Apóstolos já no início da história da Igreja (Atos 6.1-4). A solução buscada e implementada foi eficiente e eficaz: distribuir ou delegar tarefas.

O apóstolo Paulo foi um servo de Deus que realizou muitas e grandes coisas, sem comprometer o seu próprio crescimento espiritual e desenvolvimento ministerial. O segredo? Delegação de atividades. Paulo tinha uma equipe de cooperadores com quem dividia as responsabilidades e de quem recebia apoio (At 15.40; 16.1; 17.14; 18.18-19; 19.22; 20.4; 21.16; 2 Tm 4.11,19-21; Tt 1.4,.5), o que lhe permitia manter o foco nas atividades mais essenciais e no seu próprio crescimento.

Quando as primeiras igrejas foram estabelecidas, os apóstolos logo viram a necessidade de contar com uma equipe ministerial pastoral formada pelos presbíteros ou bispos, a quem delegaram a responsabilidade de pastorear as igrejas locais, enquanto focavam na abertura de novos trabalhos e na consolidação de outros (At 11.30; 14.23; 15.2,4,6,22,23; 16.4; 20.17,28; 21.18; Fp 1.1; 1 Tm 3.1ss; Tt 1.5ss) . Isso permitia que eles tivessem tempo para si mesmos,  dedicando-se à oração (At 6.4a; 3.1; 10.9, 16.16), ao ensino e pregação (At 6.4b; 10.34-48; 11.26; 14.21; 18.11; 20.31), à leitura (2 Tm 4.13) e à produção escrita das epístolas.

Enquanto promoviam o crescimento espiritual e expansivo da Igreja, contando com a ajuda do Senhor e dos cooperadores, os apóstolos também cresciam, e orientavam a nova geração a fazer o mesmo (1 Tm 4.15; 2 Tm 2.1,2,15; 3.10; 4.2). Foi assim que tão poucos produziram tanto.

Sim, é possível e vital promover crescimento e continuar crescendo.

Quanto mais crescemos enquanto líderes, mas crescem aqueles que estão ao nosso redor, mais cresce a igreja local:

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo […]” (Ef 4.15)

O verbo grego auxēsōmen (cresçamos) usado por Paulo no texto acima, revela-nos pelo menos duas verdades. A primeira, é que estando no plural, o próprio apóstolo se inclui na necessidade de crescer em tudo. A segunda, a voz ativa do verbo grego implica na responsabilidade de buscarmos o nosso próprio crescimento.

Cresçamos em tudo!

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