A Reforma Protestante, na qual os nomes de Lutero, Calvino e Zwinglio ganham destaque, foi o principal protagonista, foi provocada por uma série de mudanças que aconteceram na Idade Média. Cairns chega a listar pelo menos sete delas. Foram elas: (a) As mudanças geográficas, que aconteceram em decorrência do conhecimento adquirido, principalmente as ocorridas entre 1492 e 1600. Diferente da civilização do mundo antigo, ligadas por sistemas fluviais, a civilização da Idade Média desenvolveu-se em torno dos mares Mediterâneo e Báltico. Ao tempo em que Lutero traduzia o Novo Testamento para o alemão, em 1522, o navio de Magalhães completava a sua volta ao mundo; (b) Na política, o conceito medieval de um estado universal estava dando lugar ao novo conceito de nação-estado. Estas nações-estados, com poder central e com governos fortes, servidas por uma força militar e civil, eram nacionalistas, opondo-se ao domínio de um governo religioso universal; (c) Um pouco antes da Reforma mudanças econômicas aconteceram. Na Idade Média a economia da Europa baseava-se na agricultura, onde o solo era a base da riqueza. A descoberta de novas matérias primas nas recentes terras descobertas (1500) inauguram uma era de comércio, que com a Revolução Industrial, fez com que em meados do século XVIII alterações significativas acontecessem, surgindo assim uma economia onde o dinheiro era importante; (d) A organização social horizontal da sociedade medieval, onde se morria na classe em que se nascia, foi substituída por uma sociedade organizada sob traços verticais, onde era possível a mobilidade entre uma classe e outra; (e) As transformações intelectuais provocadas pelo Renascimento, ao norte e ao sul dos Alpes, criaram um clima intelectual que favoreceu o desenvolvimento do protestantismo. O estudo da Bíblia nas línguas originais ganhou ímpeto, evidenciando assim as diferenças entre os ensinos católicos romanos e o Novo Testamento, para prejuízo da organização eclesiástica, medieval e papista; (f) A uniformidade religiosa medieval deu lugar, no início do século XVI, à diversidade religiosa. A autoridade da Igreja Católica Romana foi substituída pela autoridade da Bíblia, e o sacerdócio universal de cada crente foi ensinado e promovido.

A relação teológica, doutrinária, ortodoxa e histórica entre o Pentecostalismo Clássico e a Reforma Protestante, pode ser constatada através das inúmeras citações feitas a esse período por vários teólogos pentecostais. Acrescentaremos aqui, algumas questões relacionadas à Reforma dos anos subsequentes à mesma. Observemos alguns exemplos:

Nils Kastberg (1896-1978)

“Lutero veio e começou a cavar, na Bíblia, onde achou o poço chamado santificação pela fé. Wesley aí também cavou e achou a santificação verdadeira, sem conventos e sem formalidades. Os batistas cavaram e acharam água bastante, para batizar os crentes com o batismo bíblico. O povo pentecostal cavou e achou a fonte que se chama batismo no Espírito Santo, com os sinais bíblicos. Vamos, irmãos, cavar mais, pois acharemos, ainda, outros poços de água viva”. (Lição Bíblica “Isaac, o Pacifista”, de 16 de fevereiro de 1936, p. 23)

Lawrence Olson (1910-1993)

“As sociedades humanas têm demonstrado invariável inclinação para a depravação e toda sorte de perversidade . Deus, no entanto tem tido sempre testemunhas fiéis e, em alguns casos verdadeiros heróis da fé. Além daqueles citados na Bíblia, é de justiça lembrarmo-nos de servos fiéis como Lutero, os irmãos Wesley e uma plêiade de abnegados que tudo deu até a vida, a fim de levarem o Evangelho às massas ignaras e inteiramente caóticas.” (Lição Bíblica “A Destruição pelo Dilúvio”, de 23 de janeiro de 1966, p. 14)

“A justificação é oferecida pela graça de Deus, Rm 3.24. É comprada por elevado preço – o sangue de Cristo. Rm 3.25,26. É recebida por se aceitar os méritos de Cristo, pela fé Rm 3.27,28. Foi a descoberta desta doutrina por Lutero e sua divulgação que trouxe a Reforma à Igreja” (Lição Bíblica “O Plano da Salvação”, de 7 de abril de 1974, p. 7).

“Em torno do assunto da eleição têm surgido duas escolas de pensamento: os calvinistas, que seguem os pensamentos do “grande reformador” João Calvino e os arminianos, que seguem os pensamentos de Jacó Armínio, outro teólogo holandês. […] os metodistas, episcopais e luteranos acompanham Armínio. Nós, das Assembleias de Deus, também somos da opinião de Armínio.” (Lição Bíblica “A Eleição”, de 14 de abril de 1974, p. 9)

“Ao estudar o livro de Romanos, Lutero descobriu a grande verdade que ‘o justo viverá da fé’. […] Para todos nós esse movimento da Reforma foi muito importante, pois devolveu à Igreja a doutrina fundamental da justificação pela fé. Sem ela estaríamos no mesmo erro dos séculos de obscurantismo e em grave perigo de perder as nossas almas” (Lição Bíblica “A Justificação”, de 2 de junho de 1974, p. 43).

“Assim, a começar da Reforma no Século XVI, a Igreja agora está voltando ao seu antigo poder. Lutero devolveu à Igreja a mensagem da justificação pela fé. Os irmãos Wesley devolveram a mensagem de santidade, e o Movimento Pentecostal está devolvendo o poder do Espírito Santo. Vamos estar de corações abertos para receber tudo o que Deus nos preparou.”

(Lição Bíblica “O Mestre Recompensa a Fé”, de 26 de fevereiro de 1978, p. 49)

Myer Pearlman (1898-1943)

“A Igreja Romana assevera que a origem divina das Escrituras depende, em última análise, do testemunho da igreja, a qual se considera o guia infalível em todas as questões de fé e prática. ‘Como se a verdade eterna e inviolável de Deus dependesse do juízo do homem!’ declarou João Calvino, o grande reformador.” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 26)

“Quem é, e que é Deus? A melhor definição é a que se encontra no Catecismo de Westminster: ‘Deus é Espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.’” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 41)

“Martinho Lutero disse: ‘O diabo é o contrafator de Deus.’ Em outras palavras, o inimigo sempre está contrafazendo as obras de Deus.” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 66)

“Martinho Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato de ser ela a doutrina da Cruz. O ensino dos reformadores era este: quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a Cristo e a Bíblia!” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 115)

“O Catecismo de Westminster, em resposta à sua própria pergunta, oferece a seguinte e adequada definição de conversão […].” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 147)

“João Calvino, que acentuara a perfeição do crente pela consumada obra de Cristo, e que não era menos zeloso da santidade que Wesley, dá o seguinte relato da perfeição cristã […].” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 169)

“A doutrina de João Calvino não foi criada por ele; foi ensinada por santo Agostinho, o grande teólogo do quarto século.” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 171)

“O ensino arminiano é como segue: A vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos (1 Tm 2.4-6; Hb 2.9; 2 Co 5.14; Tt 11,12). Com essa finalidade ele oferece graça a todos. Embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras e méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre-arbítrio sempre permanece.” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 172)

“John Owen, teólogo do século dezessete, demonstra como, através das dispensações, há certas provas de ortodoxia relacionadas com cada uma das três Pessoas […].” (Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Vida, 1987, p. 209)

Raimundo de Oliveira (1949-2016)

“Os Reformadores adotaram sem questionar e sem reservas a declaração acerca da inspiração, e até mesmo da inspiração verbal da Bíblia. Lutero se mostra consistente quando o ouvimos trovejar no fim da sua vida: ‘Logo, ou cremos redondamente, e totalmente e completamente, ou nada cremos: o Espírito Santo não se deixa cortar ou separar, de modo que deixasse uma parte ser ensinada ou crida de modo verdadeiro, a outra parte de modo falso […]’”. (As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, 1987, p. 24)

“O Catecismo de Westmnste tenta dimensionar Deus quando diz: ‘Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade.” (As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, 1987, p. 61)

“Os Reformadores, de modo geral, estiveram de acordo com Agostinho. Somente Calvino diferia dele, principalmente em dois pontos: 1) que o pecado original não é algo completamente negativo, uma vez que esse pecado, segundo ele, dá lugar à eleição de Deus; 2) que esse pecado está limitado à natureza sensível do homem.” (As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, 1987, p. 200)

“Anos depois da Reforma, alguns teólogos luteranos ensinavam que só as pessoas regeneradas estão sujeitas ao pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, pecado para o qual não há perdão.” As Grandes Doutrinas da Bíblia, CPAD, 1987, p. 202,203)

Gary B. McGee (1945-2008)

“Quando o Concílio Geral (título abreviado do Concílio Geral das Assembleias de Deus) veio a existir, em Hot Springs, Estado de Arkansas, em abril de 1914, já havia entre os participantes um consenso doutrinário, edificado nas verdades históricas da fé, juntamente com os temas da santidade wesleyana e de Keswick.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 21)

James H. Rayley e Benny C. Aker Jr.

“Segundo os arminianos, Deus sabe de antemão as pessoas que lhe aceitarão a oferta da graça, e são estas que Ele predestina a compartilhar de suas promessas. […] A maioria dos pentecostais tende ao sistema arminiano de teologia tendo em vista a necessidade do indivíduo em aceitar pessoalmente o Evangelho e o Espírito Santo” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 54).

John R. Higgins

“[…] Martinho Lutero, João Calvino, e um número incontável de outros gigantes da história da Igreja, reconhecem que a Bíblia foi, de fato, inspirada por Deus, e que ´´e inteiramente a verdade. […] Martinho Lutero: ‘As Escrituras nunca erram’. ‘…onde as Sagradas Escrituras estabelecem algo que deve ser crido, ali não devemos desviar-nos de suas palavras’. […] João Calvino: ‘O registro seguro e infalível’. ‘A regra certa e inerrante’. ‘A Palavra infalível de Deus’. ‘Isenta de toda mancha ou defeito’”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 108)

“Calvino acreditava, portanto, que Deus preparava os escritores bíblicos através das várias experiências da vida, e que o Espírito Santo falava segundo o estilo do escritor conforme o requeriam as várias circunstâncias.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 116)

Kerry D. McRoberts

“A razão se vê diante de uma pedra de tropeço quando confrontada pela natureza paradoxal da doutrina trinitariana. ‘Mas’, asseverou Martinho Lutero, de modo enérgico: ‘posto que se baseie claramente nas Escrituras, a razão precisa conservar-se em silêncio sobre o assunto; devemos tão somente crer’”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 157)

“No que tange a isso, João Calvino observa: ‘Realmente, onde os profetas usualmente dizem que as palavras que pronunciam são as do Senhor dos Exércitos, Cristo e os apóstolos as atribuem ao Espírito Santo [cf. 2 Pe 1.21]’. Calvino conclui: ‘Segue-se, portanto, que quem é o autor preeminente das profecias é verdadeiramente Jeová [Yahweh]’”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 162)

“Embora Calvino estivesse falando de outros assunto doutrinário, sua advertência é igualmente aplicável à formulação trinitariana: ‘Se alguém, sem muita autoconfiança, tentar desvendar os seus mistérios, não conseguirá satisfazer a sua curiosidade, e entrará num labirinto do qual não achará nenhuma saída’”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 165)

Bruce R. Marino

“Até mesmo Armínio (mas não todos os seus seguidores), descreveu o ‘livre-arbítrio do homem em favor do verdadeiro Bem’, na condição de ‘preso, destruído e perdido… não tem nenhuma capacidade a não ser aquela despertada pela graça divina’. A intenção de Armínio, assim como depois a de Wesley, não era manter a liberdade humana a despeito da Queda, mas se asseverar que a graça divina era maior até mesmo que a destruição provocada pela Queda”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 269,270)

Timothy P. Jenney

“Os líderes da Reforma afligiam-se com a corrupção que viam dentro da Igreja Católica Romana. Consequentemente, diminuíam o papel da igreja institucional e dos sacramentos na santificação. […] Os pietistas e os metodistas, desesperados com a falta de vitalidade espiritual em suas próprias fileiras, deslocaram o processo da santificação para ainda mais longe do controle da Igreja.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 410)

Michael L. Dusing

“No século XVI, surgiram grandes reformadores que tomaram a dianteira da revolução da Igreja: Martinho Lutero, Ulrich Zuínglio, João Calvino e João Knox, entre outros. […] Os reformadores tinham opiniões diferentes entre si no tocante a muitas das doutrinas e práticas específicas do Cristianismo, como as ordenanças e o governo da Igreja […]. Mas todos eles tinham em comum uma paixão pela volta à fé e prática bíblicas.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal Clássica, Stanley Horton [E.], 11. ed. CPAD, 2008, p. 541)

Claudionor de Andrade

“Ao mesmo tempo, como faziam questão de ressaltar, a Bíblia não era tão importante quanto ensinava Lutero e Calvino. […] Na Alemanha, espezinharam a herança que lhes legara Martinho Lutero, que sempre teve a Bíblia como a infalível árbitra em todas as áreas do conhecimento e do proceder humanos.”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 22,23

“Mais tarde, os católicos romanos, no Concílio de Trento, houveram por bem, de maneira arbitrária e antagônica às comunidades de Israel e dos protestantes, acrescentar vários livros ao Antigo Testamento, buscando justificar algumas de suas doutrinas que, durante a Reforma Protestante, foram duramente combatidas pelos seguidores de Martinho Lutero e João Calvino.” Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 29)

“Além de todos os testemunhos arrolados, há que se levar em conta, de igual forma, o testemunho interior do Espírito Santo. Lendo as Sagradas Escrituras, sentimos que estamos diante da inspirada e inerrante Palavra de Deus. Aliás, esta foi uma das maiores divisas da Reforma Protestante. […] Martinho Lutero mostrou-se firme quanto à inerrância bíblica: ‘Aprendi a atribuir infalibilidade apenas aos livros chamados canônicos, de forma que creio confiantemente que nenhum de seus autores cometeu erros.’” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 39)

“No Brasil, não são poucos os teólogos – e até seminários – que lançam suspeições sobre a infalibilidade das Sagradas Escrituras. Sob a influência da teologia alemã, que, abandonando os princípios de Lutero e Melanchton, presumem que um teólogo de vanguarda é aquele que até do supremo Ser duvida, não mais consideram a Bíblia Sagrada como a infalível Palavra de Deus.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 41)

Esequias Soares

“A teologia pentecostal se fundamenta nas Escrituras Sagradas; é histórica e mantém o pensamento teológico dos reformadores quanto às doutrinas cardeais da fé cristã.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 52)

“Hipostáse significa ‘forma de ser ou de existir’, que vem de duas palavras gregas hypo, ‘sob’; e istathai, ‘ficar’. […] O reformador Calvino preferia chama-la de Subsistentia.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 102)

“O nome theos, na terceira claúsula da passagem, é predicativo do sujeito, anteposto ao verbo e sem o artigo definido: kai theos em ho logos, ‘e o verbo era Deus’. Segundo Martinho Lutero, ‘a falta de um artigo é contra o sabelianismo e a ordem da palavra é contra o arianismo’”. (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 104)

“A teologia das Assembleias de Deus é pentecostal, não divergindo nos pontos vitais da fé cristã, em relação à teologia dos reformadores ou teologia evangélica, nem das demais teologias pentecostais, com exceção dos grupos unicistas, que negam a Trindade e batizam somente ‘em nome de Jesus.’” (Credos e Confissões de Fé, Editora Bereia, 2013, p. 171)

“Devido à necessidade de combinar experiências pessoais com o ensino bíblico, foram feitos alguns ajustes com o passar dos anos. O princípio dos reformadores de Sola Scriptura foi aceito também no primeiro Concílio Geral (Assembleias de Deus nos EUA, 1914), mas havia a tentação de elevar ao mesmo nível as revelações pessoais e outras manifestações místicas. Assim, era necessário fazer certo esforço para manter o equilíbrio entre os ensinos bíblicos e a experiência religiosa.” Credos e Confissões de Fé, Editora Bereia, 2013, p. 175)

Geremias do Couto

“O grande divisor de águas foi a Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, numa época de obscurantismo, em que a igreja histórica descera aos níveis mais baixos de relaxamento moral e espiritual, depois de incorporar, ao longo dos séculos, diversas práticas pagãs em sua liturgia. Lutero resgatou a doutrina bíblica da justificação pela fé e estabeleceu o seguinte princípio, que se tornou lema dos evangélicos ao redor do mundo: ‘Só a graça; só a fé; somente as Escrituras’. A Reforma Protestante, portanto, deu origem às chamadas denominações históricas, em cujo meio floresceu o movimento pentecostal, nos primeiros anos do século XX, sabendo-se que houve através dos tempos manifestações pentecostais em diversas fases da história.” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Antonio Gilberto [E.], 2. ed. CPAD, 2008, p. 422)

Silas Daniel

“Por isso, mesmo que a má compreensão de doutrinas bíblicas secundárias ou de aspectos doutrinais secundários apresentados na Palavra de Deus não afete a salvação, com certeza trará algums prejuízos ou tendências negativas à vida do cristão. […] Daí a necessidade de apresentar o entendimento correto da mecânica da Salvação à luz da Bíblia, entendimento este aceito pela maioria dos evangélicos em todo o mundo e que historicamente tem recebido, desde o século 17, o nome de arminianismo.” (Arminianismo a Mecânica da Salvação: Uma Exposição Histórica, Doutrinária e Exegética sobre a Graça de Deus e a Responsabilidade Humana, CPAD, 2017, p. 13)

“Nessa segunda fase de sua vida, quando Lutero jovem dá lugar ao Lutero Velho, o reformador alemão começa a combater fortemente os antinomianistas dentro do arraial luterano; depois escreve contra a predestinação dupla; mais à frente, deixa de defender também a Expiação Limitada, que defendera em seu Comentário aos Romanos (1516), passa a esposar a Expiação Ilimitada, o que faz por exemplo, em seu Sermão para o Primeiro Domingo do Advento, de 1533; e ele também voltaria atrás em outro ponto, ao defender a possibilidade do salvo cair da graça na seção III, parágro 42 a 45, dos Artigos de Esmalcade, escritos por ele em 1537 como resumo de toda doutrina luterana.” (Arminianismo a Mecânica da Salvação: Uma Exposição Histórica, Doutrinária e Exegética sobre a Graça de Deus e a Responsabilidade Humana, CPAD, 2017, p. 154)

“A visão denominada posteriormente como “arminianismo” é encontrada no coração da Reforma ainda na primeira metade do século 16. Inclusive, um ano antes de a doutrina monergista rígida ser pela primeira vez sistematizada no protestantismo pela Institutas da Religião Cristã de Calvino (cuja primeira edição, em latim, é de 1536), Melanchthon já havia sistematizado de forma clara o sinergismo evangélico na segunda edição de sua obra Loci Communes, que é, simplesmente, a primeira obra de teologia sistemática protestante.” (Arminianismo a Mecânica da Salvação: Uma Exposição Histórica, Doutrinária e Exegética sobre a Graça de Deus e a Responsabilidade Humana, CPAD, 2017, p. 180)

“O que é denominado genericamente como “sinergismo” não apenas foi preponderante nos primeiros 1.500 anos da história da Igreja – com o monergismo sequer existindo até o quinto século da Era Cristã -, com o que convencionou-se chamar de “calvinismo” ou “monergismo” sequer conseguia ser posição unânime dentro do protestantismo ainda nos seus primórdios no século 16, de maneira que o que chamamos convencionalmente de “arminianismo” – que aparece no protestantismo ainda na primeira metade do século 16, bem antes de Armínio – acabaria avançando paulatina e ininterruptamente até se tornar a posição majoritária entre os evangélicos hoje, e isso já há dois séculos.” (Arminianismo a Mecânica da Salvação: Uma Exposição Histórica, Doutrinária e Exegética sobre a Graça de Deus e a Responsabilidade Humana, CPAD, 2017, p. 528)

Eduardo Leandro

“Embora a Declaração de Fé das Assembleias de Deus não afirme categoricamente ser de linha teológica arminiana, a Soteriologia sistematizada por Jacó Armínio no século XVII está presente em todo o texto do capítulo 10. Além do mais, revistas de Escola Dominical produzidas nas décadas anteriores afirmam categoricamente que a Soteriologia assembleiana é arminiana. Ou seja, mesmo que todos os elementos da teologia de Armínio, como por exemplo, o batismo de infantes, não sejam reproduzidos (ou adotados) pela Declaração de Fé das Assembleias de Deus, a Soteriologia sistematizada por Armínio torna-se a base da Soteriologia assembleiana.” (A Sociedade Brasileira e o Pentecostalismo Clássico, CPAD, 2021, p. 86)

“Na Reforma Protestante, do século XVI, pelas suas diversas correntes e diversos expositores, essa compreensão cristológica foi veementemente reafirmada nas suas importantes Confissões Doutrinárias. No seu próprio Credo, Lutero, no Catecismo Menor, na exposição do segundo artigo, diante da pergunta: ‘Que significa isso?’, expressou-se assim: ‘Creio em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que é meu Senhor […]’”. (Introdução à Teologia Pentecostal: uma Leitura Sistematizada a Partir da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, CPAD, 2023, p. 110)

José Gonçalves

“Lutero, mais outros reformadores depois dele, beberam do poço doutrinário de Agostinho, como por exemplo, a crença no pecado original com a consequente doutrina da regeneração batismal, etc. […] Não há como negar que Lutero foi influenciado de forma negativa por Agostinho, todavia, a própria história da Reforma, com seu lema ‘ O justo viverá da fé’ (Rm 1.17), revela a grande influência que a Carta aos Romanos teve na vida e obra do reformador alemão. Não é seguro, portanto, pelo menos neste caso, fazer a convicção teológica do reformador alemão depender somente de Agostinho.” (Maravilhosa Graça: O Evangelho de Jesus Cristo Revelado na Carta aos Romanos, CPAD, 2022, p. 119)

“Do lado americano, por ter surgido do movimento de santidade metodista, as ADs americanas refletem majoritariamente o arminianismo wesleyano. Por outro lado, as ADs brasileiras, por virem da tradição batista, refletem com mais fulgor o arminianismo clássico. Isso, todavia, não significa dizer que as ADs brasileiras não tenham sofrido influência do wesleyanismo, porque os fatos históricos provam que sim. Na verdade, os batistas suecos sofreram influência do arminianismo desde a sua gênese. […] Com o propósito de mostrar o pano de fundo do arminianismo assembleiano brasileiro, que é herdado da tradição batista em primeiro lugar […]. A Assembleia de Deus brasileira, uma denominação filha dessa poderosa tradição protestante, espelha mais do que qualquer outra crença arminiana de que Deus ama a todos e por isso se converteu numa das mais poderosas forças missionárias da história do protestantismo.” (A Glossolalia e a formação das Assembleias de Deus: Um Resgate Histórico da Soteriologia e Pneumatologia do Início do Movimento Pentecostal, CPAD, 2022, p. 15)

“No contexto batista sueco brasileiro, a soteriologia pentecostal tem forte herança Armínio-wesleyana. Isso pode ser mostrado em dois momentos diferentes. Em um primeiro momento, a presença dos pressupostos arminianos na teologia dos pioneiros suecos já existia na era pré-pentecostal. Esse fato é claramente ilustrado na exposição de aspectos arminianos feitos por Gunnar Vingren nos sus escritos mesmo antes de tornar-se um pentecostal. Posteriormente, esses pressupostos ganharão contornos wesleyanos bem definidos na teologia dos suecos em solo brasileiro.” (A Glossolalia e a formação das Assembleias de Deus: Um Resgate Histórico da Soteriologia e Pneumatologia do Início do Movimento Pentecostal, CPAD, 2022, p. 413)

“[…] em termos do arminianismo e da patrística oriental, “Pethrus insistia que cada indivíduo tinha a capacidade de escolher o curso da vida no presente e no futuro”. Nesse aspecto, o pensamento de Pethrus, segundo análise de Carlsson, gira em dois eixos principais. […] Carlsson (1990) observa que Pethrus afirmava estar ligado à tradição luterana, mas deixa claro que acredita que o ser humano tem liberdade para escolher o caminho moral e espiritual que ele quer. […] Assim sendo, fica claro que o pensamento de Pethrus expõe elementos do arminianismo clássico, mas também é inegável a presença de pressupostos do arminianismo mais popular no modelo de C. G. Finney. De fato, Pethrus diz ter sido grandemente influenciado por Finney quando leu a sua biografia em 1905.” (A Glossolalia e a formação das Assembleias de Deus: Um Resgate Histórico da Soteriologia e Pneumatologia do Início do Movimento Pentecostal, CPAD, 2022, p. 415,416)

Nós pentecostais clássicos, temos como principal fundamento para reflexão e produção teológica a Bíblia Sagrada, mas não estamos alienados da produção teológica histórica e ortodoxa. Como já escrevi, o pentecostalismo clássico possui uma produção teológica própria (artigos, livros, etc.), mas o conteúdo dessa produção, em grande parte, se fundamenta na herança ortodoxa da fé cristã (inclusive da Reforma Protestante), de onde tomamos vários conceitos e os subscrevemos.

Em nossa Declaração de Fé das Assembleias de Deus, lemos que: “A Comissão Especial pesquisou os credos ecumênicos e as principais confissões de fé históricas durante mais de uma ano inteiro, examinando seu conteúdo, forma e apresentação.” (p. 19)

Entende-se com isso, que além das várias citações feitas por teólogos pentecostais acerca da Reforma Protestante aqui mencionadas, a própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus teve em sua elaboração, além das Escrituras, a contribuição dos credos ecumênicos (publicados em seu apêndice) e das principais confissões de fé históricas do protestantismo (Confissão de Augsburg, Confissões Helvéticas, Confissão de Fé Gaulesa, Confissão de Fé Escocesa, Confissão Belga, Catecismo de Heidelberg, Confissão Arminiana e Confissão de Fé de Westminster, p. 16,17)

A Teologia Pentecostal, elaborada por teólogos pentecostais clássicos, e com os seus devidos pressupostos pneumatológicos distintivos, não é uma nova ou outra ortodoxia, mas sim, uma expressão singular e importante dessa ortodoxia que permeia toda a história da Igreja, convergindo nos pontos cardeais ou centrais da fé cristã, e divergindo em alguns dos seus pontos secundários ou periféricos.

Somos pentecostais clássicos, ensinamos, promovemos, defendemos e fazemos parte da ortodoxia cristã histórica e milenar. Assim creram os nossos pioneiros, assim cremos também!

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário

*

Seja o primeiro a comentar!