I – A Doutrina Bíblica do Inferno

O termo bíblico que ganha destaque no Antigo Testamento é she’ōl, que significa “reino da morte, túmulo, tumba, sepulcro, sepultura, cova, inferno” (Gn 37.35; Nm 16.30; 1 Rs 2.6; Is 14.11; 38.10; Ez 32.27; Sl 55.15; 141.17; Jó 7.9). Conforme alguns eruditos bíblicos, é possível afirmar que a palavra originalmente significava apenas “sepultura” ou “túmulo”, e que passou a designar posteriormente “inferno”. No Novo Testamento temos o termo grego geenna, encontrado cerca de 12 vezes, 11 das quais nos Evangelhos Sinóticos (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.8,9; 23.15,33; Mc 9.43-47; Lc 12.5). Um segundo termo utilizado no Novo Testamento para “inferno” é hades, que significa “lugar de castigo”. A palavra é utilizada quatro vezes nos Evangelhos e sempre pelo Senhor (Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15 e 16.23); é empregada em referência à alma de Cristo (At 2.27,31); Jesus declarou ter as chaves do hades (Ap 1.8); em Apocalipse 6.8 o hades é personificado, com o significado de destino temporário dos condenados; ele deve entregar aqueles que estão nele (Ap 20.13), e depois ser lançado no lago de fogo (Ap 20.14). O termo grego tartaróō (2 Pe 2.4), representa o inferno grego, e ainda que não seja considerado equivalente ao geenna, é um lugar de detenção até o juízo.

II – As Características do Inferno

1. Um lugar intermediário. A escatologia bíblica ensina que o inferno é apenas um lugar intermediário para os mortos sem Cristo, e que dali os ímpios hão de ressurgir para serem julgados e, em seguida, lançados no lago de fogo (Ap 20.11-15).

2. Criado por Deus. O inferno é um lugar de suplícios, penas e açoites, criado por Deus, inicialmente para lançar os anjos rebeldes (Mt 25.41) e, posteriormente, a fim de custodiar as almas dos iníquos até que se instaure o Juízo Final.

3. Um lugar de tormento eterno (Mt 25.46). O inferno é um lugar onde o sofrimento não cessa.

4. Um lugar de fogo inextinguível (Mt 3.12; 13.42,50; 25.41; Mc 9.43,48). O fogo do inferno não se apaga, e isso se dá pelo fato de contribuir para o terrível tormento daqueles que para lá vão.

5. Um lugar de trevas (Mt 8.12; 22.13). Ao contrário do Ceú, que é um lugar de intensa luz, o inferno é um lugar de profundas trevas.

III – Ensinos Errôneos Sobre o Inferno

1. Materialismo. O Materialismo é uma corrente filosófica que busca explicar o ser e a sua existência a partir da matéria, desde a Antiguidade. O Materialismo está em via oposta ao mundo espiritual, negando a sua existência, e consequentemente, a existência do Inferno.

2. Reencarnação. A reencarnação é conceituada como “o renascimento de um indivíduo após a morte corporal – seja a consciência, a mente, a alma ou alguma outra entidade – em uma ou mais existências sucessivas. Com o propósito de alcançar purificação e perfeição, os seres humanos nascem morrem e voltam a nascer em outro corpo ou outra forma. A reencarnação é um dos pontos fundamentais de religiões do Egito Antigo, das religiões indianas (apesar de não todos os grupos) como hinduísmo, do budismo indígenas, do vodum, da Cabala judaica, do druzismo, do rosacrucianismo, do espiritismo e suas dissidências, da Teosofia, da Wicca, do Eckankar, da cientologia, da filosofia pitagórica, da filosofia socrática-platônica, etc. A ideia de reencarnação exclui a realidade bíblica do Inferno.

3. Purgatório e Limbo. Conforme o Catolicismo Romano, o Purgatório é um estado médio entre céu e inferno. Como definiram os concílios de Florença e Trento, o purgatório não é simplesmente um lugar de purificação (uma espécie de estado intermediário entre a morte e a ressurreição), mas, sim, um lugar de castigo, embora de pena temporária, não eterna. A doutrina do Purgatório reconhece que a salvação é pela graça, mas sustenta que uma penalidade temporária tem de ser cumprida pelo pecador, mesmo quando o castigo eterno por seus pecados já tenha sido remido pelo perdão. Se o pecador cumpriu essa penalidade na presente vida, mediante atos de penitência, o moribundo irá diretamente, para o céu; se for impenitente, irá diretamente para o inferno; mas se cumpriu parcial­mente seu castigo, terá de pagar o restante no purgatório. Sobre o Limbo, essa palavra “limbo” vem do latim “limbus” e significa borda, margem, extremidade. Na teologia católica romana significa uma região na fronteira do inferno que se acredita ser local espiritual daqueles destinados a não expe­rimentar, após a morte, nem a angústia do inferno nem as alegrias do céu, tampouco as injunções do purgatório. Para o Limbo, segundo o Catolicismo, irão as crianças que morreram sem ser batizadas no período da inocência, e os santos do Antigo Testamento que morreram sem abrir mão da esperança e fé em Deus e no Messias prometido. Tais doutrinas não encontram fundamentação bíblica, distorcendo o que as Escrituras ensinam sobre o destino dos salvos e dos não salvos.

4. Universalismo. O Universalismo pode ser definido como a crença no fato de que todos serão salvos. Há várias pessoas hoje em dia que defendem o ponto de vista da “Salvação Universal” – a ideia de que todos os homens eventualmente irão para o Céu e estarão com o Senhor. Talvez seja o pensamento de homens e mulheres vivendo uma vida de tormento no inferno que faz com que alguns rejeitem o ensinamento das Escrituras nesta questão. Para alguns é a sua ênfase exacerbada no amor e na compaixão de Cristo que os levam a acreditar que Deus terá misericórdia de toda alma vivente. Mas as Escrituras ensinam claramente que alguns homens irão passar a eternidade no inferno, enquanto outros irão passar a eternidade no Céu, com o Senhor.

5. Aniquilacionismo. O Aniquilacionismo é a visão teológica de que os perdidos no Inferno serão exterminados após terem pago a pena por seus pecados. Os aniquilacionistas entendem que não haverá sofrimento eterno para os perdidos, visto que eles serão aniquilados de uma vez por todas. Tal ensino é também incompatível com as Escrituras, pois assim como o Universalismo, enfatiza o amor de Deus, mas negligência a sua justiça.

6. Predestinação. O Calvinismo ensina que Deus escolheu alguns seres humanos para serem salvos e irem para o Céu, enquanto outros (a maioria) ele decidiu que não serão salvos e que irão para o Inferno. Tal ensino não se sustenta à luz de uma análise daquilo que a Bíblia nos ensina sobre a graça, o amor e a justiça de Deus.

Conforme a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil: “Há apenas dois destinos para os seres humanos, o Céu ou o Inferno”. […] O destino dos incrédulos é a condenação eterna no inferno” (p. 81,197).

Apesar das tentativas racionalistas e relativistas dos teólogos liberais e/ou progressistas, dos ateístas, céticos, etc., tal realidade e verdade não pode ser mudada. Todos os seres humanos estarão um dia num desses dois lugares (Céu ou Inferno), e lá permanecerão eternamente.

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