O presente texto tem como objetivo questionar no âmbito das discussões doutrinárias e teológicas alguns dos posicionamentos do pastor e doutor Claiton Ivan Pommerening, presentes em sua produção acadêmica e literária, e suas dissonâncias do pensamento majoritário, doutrinário e teológico pentecostal clássico assembleiano brasileiro, nos pontos que serão aqui abordados.
I – Pentecostalismo e Teologia Liberal
No artigo intitulado “Uma Proposta de Teologia do Espírito para o Pentecostalismo Clássico a Partir de Jürguem Moltmann”, lemos:
O pentecostalismo no Brasil, embora sofra influências de vários segmentos da sociedade, especialmente do neopentecostalismo, consegue manter uma linha doutrinária que enfatiza o agir do Espírito, ou seja, continua sendo uma igreja do Espírito, embora necessite ser melhor organizado sistemática e metodologicamente, conquanto a imprevisibilidade do Espírito jamais poderá ser totalmente compreendida e explicada, caso contrário deixará de ser mistério. Assim sendo, a teologia pentecostal aproxima-se mais de uma teologia liberal do que ortodoxa, pois como ainda não conseguiu produzir obras literárias que cristalizem sua pneumatologia, permite que esta seja volátil, oral e suscetível a desvirtuamentos doutrinários.[1]
Temos aqui pelo menos dois problemas. O primeiro é a declaração de que a teologia pentecostal se aproxima da teologia liberal, sendo que algumas das principais características da teologia liberal são:
– A relativização da doutrina: Toda teologia é rejeitada, sendo promovido um ceticismo total, onde “se todas as crenças são igualmente verdadeiras, e algumas delas contradizem as outras, então todas são igualmente falsas, ou pelo menos incertas. Todas as crenças se tornam igualmente verdadeiras e baseadas na experiência. Diferente disso, para a ortodoxia cristã uma crença ou sistema de doutrina não é simplesmente a expressão de uma experiência, pelo contrário, é o estabelecimento de fatos nos quais a experiência se fundamenta.[2] A experiência tem o seu devido lugar e valor, mas não o lugar central em questões de fé e conduta, lugar este ocupado pelas Sagradas Escrituras.
– A paternidade geral de Deus: Diferente da pregação moderna da “paternidade geral de Deus”, o Evangelho faz menção a algo totalmente diferente, onde no Novo Testamento é afirmado que tal paternidade diz respeito apenas aos que foram trazidos para a família da fé (Jo 1.12,13).
– A rejeição da doutrina da inspiração plena da Bíblia: O cristão, ao contrário dos liberais, encontra na Bíblia a própria Palavra de Deus, inspirada, inerrante, completa e infalível (Sl 19.7; Jo 10.35; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21.[3]
– A negação dos milagres e eventos sobrenaturais registrados nas Escrituras: A teologia liberal afirma que a existência dos milagres destruiria os fundamentos da ciência, pois os milagres introduziriam um elemento de arbitrariedade e inexplicabilidade no curso do mundo. O pensamento ortodoxo cristão pentecostal, ao contrário, acredita nos milagres dos tempos bíblicos e na atualidade dos mesmos.[4]
– A Igreja: A teologia liberal ensina que que todos os seres humanos, em qualquer lugar, não importam suas origens e crenças, são irmãos e parte da “fraternidade do homem”. Para a ortodoxia cristã, a verdadeira fraternidade é a fraternidade dos redimidos.[5] A verdadeira Igreja é formada por todos aqueles que Deus chamou para fora do mundo, tendo sido resgatados da vã maneira de viver por intermédio do precioso sangue de Cristo (1 Pe 1.18,19).[6]
O segundo problema, mesmo fazendo menção anteriormente de algumas obras teológicas pentecostais,[7] se relaciona com a declaração de que a teologia pentecostal ainda não conseguiu produzir obras literárias que cristalizem sua pneumatologia, e assim permite que seja volátil, oral e suscetível a desvirtuamentos doutrinários. A prova da inconsistência de tal declaração está na vasta bibliografia publicada por pentecostais sobre a doutrina do Espírito Santo, que seja em obras específicas sobre o mesmo, em tratados de teologia sistemática e artigos. Como exemplos destas obras disponíveis no Brasil à época do artigo aqui citado, podemos citar:
– Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, Myer Pearlman, Vida, 1970.
– O Vento Sopra onde Quer, Lewi Pethrus, CPAD, 1982.
– A Doutrina Pentecostal Hoje, Raimundo F. de Oliveira, CPAD, 1982.
– Nos Domínios do Espírito Santo, Estevam Ângelo de Souza, CPAD, 1987.
– As Grandes Doutrinas da Bíblia, Raimundo de Oliveira, CPAD, 1987.
– A Respeito dos Dons Espirituais, Donald Gee, Vida, 1987.
– O que a Bíblia diz Sobre o Espírito Santo, CPAD, 1993.
– Surpreendido pelo Poder do Espírito, Jack Deere, CPAD, 1995
– Teologia Sistemática, Stanley M. Horton (E.), CPAD, 1996.
– A Existência e a Pessoa do Espírito Santo, Severino Pedro da Silva, CPAD, 1996.
– Introdução à Teologia Sistemática, Eurico Bergtén, CPAD, 1999.
– O batismo no Espírito Santo e com Fogo, Anthony D. Palma, CPAD, 2002.
– Verdades Pentecostais, Antonio Gilberto, CPAD, 2006.
– Teologia Sistemática Pentecostal, Antonio Gilberto (E.), CPAD, 2008.
– Doutrinas Bíblicas: os fundamentos da fé, William W. Menzies e Stanley M. Horton, CPAD.
– Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal, J. Rodman Williams, Vida, 2011.
– Movimento Pentecostal: as doutrinas de nossa fé, Elienai Cabral, CPAD, 2011.
O volume e a consistência da produção literária teológica pentecostal é algo incontestável. Como dissemos, tal teologia, além dos livros, é promovida através de artigos acadêmicos ortodoxos, periódicos denominacionais oficiais e na própria Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil.
II – O Espírito Santo, os Movimentos Sociais e o Marxismo
Em sua tese de doutorado, Claiton Pommerening afirma um irromper do Espírito que ecoa pressupostos ideológicos marxista:
Mas Ele irrompe não somente na macro-história, mas também no cotidiano, como por exemplo no clamor dos pobres, nas comunidades pentecostais de periferia, no movimento feminista, na teologia da libertação, nos movimentos ecológicos, nos movimentos migratórios europeus, no desejo de renovação de líderes da igreja mais comprometidos, no grito dos operários explorados pelo capitalismo selvagem, no movimento de protestos conhecidos como as Manifestações de Junho (2013), no clamor de insatisfação de milhões de pessoas com sua situação de falta de moradia, de salário justo, por justiça social, por eliminação da corrupção e tantos outros gritos de opressão que são ouvidos. Este é o gemido inexprimível do Espírito irrompendo nas mais variadas formas, justamente ali onde a sua vida em plenitude quer se instalar, mas está impedida pela exploração e opressão humana e diabólica.[8]
O irromper do Espírito, ao contrário do texto acima citado, não se dá por meio dos movimentos sociais e ideológicos, mas por meio da fé em Jesus, segundo as Escrituras, num fluir de rios de água viva que emanam do interior daqueles que nele creem (Jo 7.37-39).
De igual modo, os “gemidos inexprimíveis do Espírito” não partem destes movimentos, mas da vida de crentes salvos em Cristo Jesus, onde ele habita, ajudando-os em suas fraquezas por não saberem como convém pedir, intercedendo assim pelos santos (Rm 8.26,27).
A ideologização da obra do Espírito é algo que não encontra espaço nas Escrituras, na produção teológica pentecostal clássica e ortodoxa, e nem na Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil.
III – Crentes Possuídos pelo Espírito e Descontrolados
Em sua tese de doutorado, citando Welker , Claiton Pommerening também afirma,:
Desde o Antigo Testamento o agir do Espírito estava envolto em “coisas assustadoras, ambíguas, estranhas, com dúvidas e desamparo.” Os que eram “possuídos” por Ele, em alguns casos, podiam agir de forma desconexa, confusa e arbitrária. Isto “testemunha com muita nitidez o quanto a ação do Espírito e suas consequências podem ser estranhas e perigosas. Mostra que os portadores do Espírito não estão em condições de controlar a ação do Espírito de Deus e suas consequências”.[9]
As justificativas para tal argumento seria:
É o caso de Sansão, Jefté e outros personagens bíblicos. “As pessoas atingidas e revestidas pelo Espírito vão além de si mesmas; transformam sua identidade, entram em êxtase profético e ficam praticamente irreconhecíveis. Elas ficam iradas; tocam trombeta, dilaceram bois, transformam-se em líderes do povo, tornam-se o centro de um movimento libertador; em todos os casos, elas não pertencem mais a si próprias.”[10]
As Escrituras em lugar algum falam de uma “possessão do Espírito” que transforme a identidade do sujeito, neutralize a sua consciência e comprometa o controle de suas emoções e ações. A capacidade sobrenatural de realizar coisas no poder do Espírito é vivenciada conscientemente, podendo ser controlada por aqueles crentes na vida de quem este poder se manifesta (1 Co 14.26-33; 37-40). Não se deve confundir a ação sobrenatural do Espírito Santo com algumas reações emocionais descontroladas de natureza meramente humana, e nem com os abusos e falsificações na administração dos seus dons.
IV – Intolerância Religiosa
Na obra “O Plano de Deus para Israel em meio a Infidelidade da Nação”, lemos: “Embora houvesse uma preocupação de com a mistura e a adoração a falsos deuses por parte dos judeus, isso também criou uma cultura de intolerância religiosa que Jesus utilizou para denunciar muitas práticas hipócritas dos judeus da sua época”.[11]
O uso dos termos “politicamente correto” e “intolerância” se tornou comum no contexto da pós-modernidade. O termo politicamente correto é geralmente definido (dependendo de quem o defina) para descrever expressões, políticas ou ações que evitam ofender, excluir e\ou marginalizar grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, quer seja por questões de ordem religiosa, grupos definidos por gênero, orientação sexual, cor etc. Na realidade, o “politicamente correto” é um discurso que foi imposto por alguns formadores de opinião quanto ao que deve ser a conduta da sociedade da perspectiva de determinadas ideologias. É exatamente no contexto de tal discurso que entrou a questão da “intolerância”.
Moreland e Craig formularam um conceito bastante elucidativo sobre o princípio da tolerância. Segundo eles, há um sentido clássico do princípio de tolerância:
De acordo com o sentido clássico do princípio de tolerância, uma pessoa declara que seu conceito moral é verdadeiro e o de seus oponentes falso. Ainda assim, essa pessoa respeita os oponentes como pessoas e seus direitos de defender seus pontos de vista. Desse modo, a pessoa tem a tarefa de tolerar um conceito moral diferente, não no sentido de achar que seja moralmente correto, mas ao contrário, no sentido de continuar a valorizar e respeitar seu oponente, tratá-lo com dignidade, reconhecer seu direito de argumentar e de propagar suas ideias etc. Falando estritamente, na visão clássica uma pessoa tolera pessoas, e não ideias.[12]
Em se tratando do sentido moderno de tolerância (e pós-moderno), popular na cultura geral, Moreland e Craig declaram que o significado de tolerância vai além da versão clássica, ao afirmar que uma pessoa não deve nem mesmo julgar os pontos de vista de outra pessoa errados.[13]
O sentido clássico e moderno de “tolerância” e “intolerância” poderiam ter os seus princípios aplicados aos tempos bíblicos, e em questões de fé e prática religiosa? Não. Atribuir atos de intolerância religiosa aos fatos narrados nas Sagradas Escrituras não passa de anacronismo.[14]
Definir como intolerância religiosa, por exemplo, a atitude dos judeus em relação aos samaritanos nos dias de Jesus, pelo fato de não apenas as ideias e práticas, mas os próprios samaritanos serem rejeitados, é um posicionamento inadequado. Neste sentido, se poderia afirmar também, que Deus foi intolerante para com os cananeus (Dt 20.16-18), e que Elias foi intolerante para com os profetas de Baal (1 Rs 18.40)? A mensagem de Jonas foi intolerância religiosa (Jn 3.1-4)? O discurso de João Batista foi uma manifestação de intolerância religiosa (Mt 3.7-10)? Jesus foi intolerante para com as crenças e práticas de alguns religiosos em sua época (Mt 23.13-36)? Os anátemas proferidos pelo apóstolo Paulo são expressões de intolerância religiosa (1 Co 16.22; Gl 1.8,9).[15]
Quando nos debruçamos para analisar cada caso acima citado, e outros que poderiam ser ainda acrescentados do contexto bíblico, é claro que “intolerância religiosa” não poderia ser a definição (anacrônica) mais precisa para os mesmos. Há elementos culturais, religiosos, questões que envolvem a soberania divina e outros fatores a serem considerados, já amplamente expostas e consideradas por vários eruditos bíblicos.[16]
Retornando ao caso da questão entre judeus e samaritanos, vale destacar, que embora a religiosidade hipócrita deles fosse uma realidade, inclusive denunciada por Jesus, eles agiam fundamentados no fato de que o próprio Deus condenava a mistura do seu povo (Êx 20.5; Dt 5.9; cf. Dt 13.6-9; 17.2-7; Ed 10.1-44)
Os samaritanos eram uma mistura de gente, na sua maioria de origem pagã. Este povo apareceu depois do ano 721 a.C., quando o reino de Israel foi derrotado pelo exército de Sargão II e as dez tribos do Norte levadas cativas para a Assíria. Por ordem do rei da Assíria foram trazidos povos de Babel, de Cuta, de Ava, de Hamate, de Sefarvaim, e habitaram cidades de Samaria em lugar dos sacerdotes; e tomaram Samaria em herança, e habitaram em suas cidades (2 Rs 17.24-34). Jesus, apesar de amar a cada um, inclusive samaritanos, não aprovou a conduta nem a mistura do povo (comunidade) dentro daquele contexto.
Se justifica com isso qualquer tipo de conduta violenta, motivada por questões religiosas e de fé, no atual contexto em que vivemos? Não. O que precisamos compreender é o fato de que o uso de expressões pós-modernas, fundamentadas no discurso politicamente correto e no jogo semântico, não devem ser utilizadas em relação ao mundo e às narrativas bíblicas, e em alguns casos, até em questões contemporâneas.
Por exemplo, a pregação evangélica que nos dias atuais reafirma ser Jesus o único Senhor e Salvador, que denuncia a idolatria e as propostas alternativas de salvação das diversas religiões, que reafirma a verdade bíblica de um julgamento divino e a realidade do inferno, é tida pelos politicamente corretos como um “discurso de ódio” ou uma manifestação de “intolerância religiosa”. Tentam com isso amordaçar o pregador, silenciar a pregação evangélica, e intimidar a voz profética cristã.
Sendo assim, classificar de “intolerância religiosa” as ordens, práticas e discursos bíblicos aqui descritos é, como já afirmado, um anacronismo inapropriado a ser evitado. Além disso, a questão se agrava, quando ao utilizar a expressão “intolerância religiosa”, o teólogo pós-moderno e politicamente correto passa a ideia de que não devemos nem mesmo julgar os pontos de vista de outra pessoa ou grupos, mesmo quando o fundamento para isso está na Bíblia e na ortodoxia cristã. A atitude de tais teólogos é própria, por exemplo, do discurso ecumênico e do diálogo inter-religioso já presente em vários círculos evangélicos.
V – Sincretismo Religioso, Salvação e Adoração
Lemos ainda na obra “O Plano de Deus para Israel em Meio à Infidelidade”, que: “Jesus desmontou o antagonismo entre judeus e samaritanos que existia há séculos quando afirmou que até mesmo os sincretistas samaritanos seriam aceitos por Deus se o adorassem em espírito e em verdade”.[17] A ambiguidade dessa afirmação é muito perigosa.
Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a formação de uma nova, seja de caráter filosófico, cultural ou religioso. O sincretismo mantém características típicas de todas as suas doutrinas-base, sejam rituais, superstições, processos, ideologias e etc. Etimologicamente, a palavra “sincretismo” se originou a partir do grego sygkretismós, que significa “reunião das ilhas de Creta contra um adversário em comum”, que por sua vez foi traduzido para o francês syncrètisme, dando origem, consequentemente, à variante na língua portuguesa. O processo de sincretismo está intrinsecamente ligado às relações de comunicação entre grupos sociais heterogêneos, ou seja, com diferentes culturas, costumes e tradições. Quando ocorre o contato e se desenvolve um convívio entre estes grupos distintos, surgem “adaptações” nos vários aspectos culturais, fazendo com que um grupo “absorva” o sistema de crenças do outro.[18]
Não há fundamentação bíblica para alguém ser aceito por Deus via “adoração em espírito e em verdade”. A aceitação do pecador (salvação), seja ele sincretista ou não, se dá pela graça, por meio da fé, que é um dom de Deus (Ef 2.8). O novo nascimento, o arrependimento e a conversão fazem parte deste processo de aceitação (Jo 3.1-8; At 2.37-38). A adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23) não produz aceitação (salvação), antes é consequência desta aceitação e salvação.
Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que estáveis longe e aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. (Ef 2:11-18)
A nossa aceitação por Deus é resultado da obra de Cristo na cruz, do derramar do seu sangue. Foi ele, e não o ato de adorar, que nos proporcionou paz com Deus, derribando a parede de separação, desfazendo na sua carne a inimizade e reconciliando somente assim todos os homens com Deus.
Na Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, lemos que a salvação trata-se da restauração do relacionamento do ser humano com Deus por meio de Cristo (2 Co 5.19), sendo um ato da graça soberana de Deus pelos méritos de Jesus (Ef 2.8,9).[19]
A adoração sincretista não é a adoração bíblica em espírito e em verdade, conforme anunciada por Jesus à mulher samaritana. Trata-se antes de uma forma de adoração alternativa, inter-religiosa, que não se alinha com a verdadeira adoração.
Considerações Finais
Diante do aqui exposto, verifica-se que alguns posicionamentos teológicos e doutrinários do pastor e doutor Claiton Pommerening, extraídos de sua produção acadêmica e literária, não estão alinhados com o pentecostalismo clássico assembleiano brasileiro.
A argumentação por mim aqui publicada está aberta para a tréplica do pastor Claiton Pommerening. A minha intenção com o presente texto não é atentar contra a dignidade, a honra e a imagem pessoal do citado teólogo, cuja vida moral não tenho nada a dizer contra. Trata-se apenas de discutir os seus posicionamentos no campo das ideias, onde acreditamos que todos ganham com tal discussão.
Seguindo a verdade em amor,
Altair Germano
Paulista, 28/5/2021.
Referências:
[1] POMMERENING, C. I. Uma proposta de teologia do Espírito para o pentecostalismo clássico a partir de Jurgen Moltmann. Goiânia: Caminhos, v. 12, n. 2, jul./dez. 2014, p. 404,405.
[2] MACHEN, John Gresham. Cristianismo e liberalismo. Tradução de Caio Cesar Dias Peres. São Paulo: Shedd Publicações, 2012, p. 22,23.
[3] Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 25,26
[4] Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, ibid., p. 49, 62,63, 165-168, 171-174, 179-182, 185, 196.
[5] MACHEN, ibid., p. 133.
[6] Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, ibid., p. 120.
[7] POMMERENING, C. I. Uma proposta de teologia do Espírito para o pentecostalismo clássico a partir de Jurgen Moltmann, ibid., p. 397.
[8] POMMERENING, C. I. Fábrica de pastores: interfaces e divergências entre educação teológica e fé cristã comunitária na teologia pentecostal. Programa de Pós-Gradução em Teologia (Tese). Faculdade EST, São Leopoldo, 2015, p. 167.
[9] Ibid., p. 167, apud WELKER, Michael. O Espírito de Deus: teologia do Espírito Santo. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2010, p. 59.
[10] Ibid., apud WELKER, p. 77.
[11] POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, p. 119.
[12] MORELAND, J. P.; CRAIG, William Lane. Filosofia e Cosmovisão Cristã. Tradução de Emirson Justino et al.São Paulo: Vida Nova, 2005, p. 509,510.
[13] Ibid., p. 510.
[14] Anacronismo consiste em atribuir a uma época ideias, conceitos, sentimentos, costumes etc., que são de outra época.
[15] Do grego anathema. Pena ou tipo de maldição que se efetiva com a expulsão de uma pessoa do convívio religioso ou da própria igreja (exclusão, excomunhão), e por fim, do reino celestial.
[16] Por exemplo: http://www.cacp.org.br/a-matanca-dos-cananitas/.
[17] POMMERENING, Claiton Ivan. O plano de Deus para Israel em meio à infidelidade da nação, Ibid.
[18] Disponível em: https://www.significados.com.br/sincretismo/, acesso em 20/5/2021.
[19] Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 109.
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