O educador Paulo Freire (1921-1997) foi um mestre da doutrinação marxista e socialista, vindo a tornar-se patrono e referencial desse modelo ideologizado de educação. O pensamento marxista e socialista de Freire é muito claro em sua produção literária, onde a interpretação das relações sociais e econômicas são sempre postas em termos dialéticos de opressores e oprimidos.

Em sua “pedagogia libertadora” ou “pedagogia da libertação”, Marx ganha destaque:

Em Marx, como em nenhum pensador crítico, realista, jamais se encontrará esta dicotomia (objetividade e subjetividade). O que Marx criticou e, cientificamente destruiu, não foi a subjetividade, mas o subjetivismo, o psicologismo. A realidade social, objetiva, que não existe por acaso, mas como produto da ação dos homens, também não se transforma por acaso. Se os homens são os produtores desta realidade e se esta, na “inversão da práxis”, se volta sobre eles e os condiciona, transformar a realidade opressora é tarefa histórica, é tarefa dos homens. Ao fazer-se opressora, a realidade implica a existência dos que oprimem e dos que são oprimidos. […] Este fazer “a opressão real ainda mais opressora, acrescentando-lhe a consciência de opressão”, a que Marx se refere, corresponde à relação dialética subjetividade-objetividade. Somente na sua solidariedade, em que o subjetivo constitui com o objetivo uma unidade dialética, é possível a práxis autêntica. A práxis, porém, é reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo.[1] Sem ela, é impossível a superação da contradição opressor-oprimidos. […] Não há realidade histórica – mais outra obviedade – que não seja humana. Não há uma história para os homens, mas uma história de homens que, feita por eles, também os faz, como disse Marx.[2]

Freire, ao discorrer sobre a sua trajetória como educador, afirma ter: “uma certa camaradagem com Cristo e com Marx, para espanto de certos cristãos e desconfiança de marxistas ingênuos”.[3]

Alinhado e colaborando com a construção e implantação (utópica e ilusória) de uma nova e paradisíaca sociedade por meio do Marxismo Cultural, Freire promove em sua pedagogia a “revolução cultural”:

Isto exige da revolução no poder que, prolongando o que antes foi ação cultural dialógica, instaure a “revolução cultural”. Desta maneira, o poder revolucionário, conscientizado e conscientizador, não apenas é um poder, mas um novo poder; um poder que não é só freio necessário aos que pretendiam continuar negando os homens, mas também um convite valente a todos os que queiram participar da reconstrução da sociedade. Neste sentido é que a “revolução cultural” é a continuação necessária da ação cultural dialógica que deve ser realizada no processo anterior à chegada ao poder. A “revolução cultural” toma a sociedade em reconstrução em sua totalidade, nos múltiplos quefazeres dos homens, como campo de sua ação formadora. A reconstrução da sociedade, que não se pode fazer mecanicistamente, tem, na cultura que culturalmente se refaz, por meio desta revolução, o seu instrumento fundamental. Como a entendemos, a “revolução cultural” é o máximo de esforço de conscientização possível que deve desenvolver o poder revolucionário (socialista), com o qual atinja a todos, não importa qual seja a sua tarefa a cumprir.[4]

Como militante e doutrinador socialista convicto, Freire chega a declarar que: “Uma das coisas gostosas no jogo democrático é que não basta você estar convencido do acerto de suas ideias e do acerto de sua prática. Você precisa demonstrá-lo e convencer os demais. Diria até que, em muitos casos, você precisa converter”.[5] É nesse sentido que em universidades, faculdades e escolas alguns diretores, coordenadores e professores atuam no processo de doutrinação socialista.

A nova e revolucionária pedagogia construída por Freire e seus companheiros para as novas gerações não será uma pedagogia “rançosa”. Citando o educador Francês socialista e marxista Georges Snyders, Freire diz que o mesmo convida o educador a fazer alegria através da educação na escola dos sonhos (socialista e marxista).[6]

Pela escola, segundo Freire, passa o projeto doutrinador e pedagógico revolucionário cultural (socialista e marxista) que resultará na transformação da sociedade:

Tenho dito, desde faz muito tempo, que a educação não é alavancada para a transformação da sociedade porque poderia ser. O fato porém de não ser, porque deveria ser, não diminui a sua importância no processo. Esta importância cresce quando, no jogo democrático, partidos progressistas alcançam o governo e, com ele, uma fatia do poder. Neste caso, tudo o que for possível fazer de forma competente, para introduzir mudanças democráticas no aparato escolar, deve ser feito. Formação permanente das educadoras, sem manipulação ideológica mas clareza política, deixando iluminada (no caso atual e concreto, imposta) a opção progressista da administração. Reformulação do currículo, participação popular na vida da escola, associação de pais, conselhos de escola etc. […] Finalmente, só numa compreensão dialética da relação escola-sociedade é possível não só entender, mas trabalhar o papel fundamental da escola na formação da sociedade (marxista e socialista).[7]

Sobre a escola progressista de tempo integral, diz Freire: “só a partir, me parece, de um limite mínimo de tempo para a prática escolar é possível pensar em como usá-lo de forma produtiva (e socialista-marxista). Esse limite mínimo para mim é de quatro horas. Não vejo como trabalhar eficientemente com turnos de três horas”.[8]

A escola freireana deve assim usar o máximo de tempo possível para a doutrinação política, ideológica e socialista dos seus alunos. Nesta escola, o papel do educador “conscientemente progressista” é, dentre outros, testemunhar a seus alunos a sua clareza política (progressista e socialista).[9] E ainda: “Para o educador progressista coerente, o necessário ensino dos conteúdos estará sempre associado a uma ‘leitura crítica” (i.e. marxista e socialista) da realidade.”[10]


[1] Transformá-lo segundo os pressupostos da ideologia marxista e socialista.

[2] FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 39. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 37,38,127.

[3] FREIRE, Paulo. A educação na cidade. São Paulo: Cortêz, 1991, p. 60.

[4] FREIRE, Pedagogia do oprimido, ibid., p. 156.

[5] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 74.

[6] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 93.

[7] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 53.

[8] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 54.

[9] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 54.

[10] FREIRE, A educação na cidade, ibid., p. 29.

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