A expressão “Reino de Deus” (gr. basileia tou theou) aponta para o Seu governo ou domínio soberano.[1] Segundo Zuck, o termo “reino” pode se referir a um domínio, uma região física ou espacial, incluindo o povo e a terra sobre os quais um rei exerce autoridade (noção estática), ou ainda, num sentido mais dinâmico ou ativo, ao exercício de governo ou autoridade.[2]  Diante das várias discussões sobre o tema, um consenso entre a maioria dos estudiosos é que o Reino se trata de uma realidade presente e futura.[3] Ele é, e ainda não. Está presente, mas se manifestará de forma plena apenas no final dos tempos. Embora realidade presente no mundo hoje (Mc 1.15; Lc 18.16,17; Cl 1.13; Hb 12.28), o governo e o poder de Deus não predominam de maneira plena em todos e em tudo. A obra e a influência de Satanás e dos homens maus permanecerão até o fim desta era (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1-5; Ap 19.19; 20.10).

A manifestação futura da glória de Deus e do seu poder e reino acontecerá no retorno de Jesus para julgar o mundo (Mt 24.30; Lc 21.27; Ap 19.11-20; 20.1-6). A implantação escatológica do reino virá, quando Cristo finalmente triunfar sobre todo o mal e oposição, e entregar o Reino a Deus Pai (1 Co 15.24-28; Ap 20.7-21.8).[4] O Reino de Deus esteve presente na pregação de João Batista (Mt 3.2) e na de Jesus (Mt 4.23; Mc 1.14, Lc 4.43 etc.).

Nos alinhamos ao entendimento teológico de que as expressões “Reino dos Céus” basileia tōn ouranōn) e “reino de Deus” (basileia tou theou) são sinônimas.[5] No evangelho de Lucas o Reino de Deus é citado, por exemplo, nas seguintes passagens (Lc 1.33; 4.43; 7.28; 8.1,10; 9.2,11,27,60,62; 10.11; 11.2,20; 12.31,32; 13. 20,28,29; 14.15; 16.16; 18.16,17,24,25; 17.20,21; 18.29; 19.11; 21.31; 22.16,18,29,30; 23.42,51).

A primeira menção ao Reino ocorre em Lucas 1.33, no episódio da anunciação. A primeira associação ao ministério de Jesus encontra-se em Lucas 4.43. O Reino de Deus deve ser buscado e priorizado na vida dos discípulos de Jesus, enquanto o Pai supre as suas necessidades (Mt 6.33; Lc 12.31). O desejo pelo Reino deve se manifestar em nossas orações (Mt 6.10,13). Em Atos o Reino de Deus é citado diversas vezes por Lucas, principalmente como tema da pregação evangelística e apostólica (1.3,6; 8.12; 14.22; 19.8; 20.25; 28.23, 31).

Na Bíblia de Estudo Pentecostal, lemos sobre Daniel 2.44,45 que:

[…] Quando a Babilônia sucumbiu ante os medo-persas, a maneira de ser desta última coalização permaneceu como parte da mesma imagem. A mesma realidade aplica-se à Grécia e Roma, e continua a mesma aplicação aos estados nacionalistas modernos. Todos são parte do mesmo sistema mundial. Daí, ainda haver atualmente a astrologia babilônica, a ética medo-persa, a arte e filosofia grega e a ideia romana de que se pode obter a paz mediante o poderio militar. Diante do sonho de Nabucodonosor, a presente ordem mundial com a sua filosofia de vida e valores deve desaparecer completamente para que o reino de Cristo seja plenamente estabelecido aqui. […] Este quinto reino é o reino de Deus, estabelecido por Jesus, o Messias. Ele encherá a terra inteira e se estenderá até aos novos céus e a nova terra (cf. Ap 21.1). É certo que a presente ordem mundial não durará para sempre (cf. 2 Pe 3.10-13).[6]

Os reinos humanos passarão, mas o Reino do Senhor permanecerá para sempre.


[1] REID, Daniel G. Dicionário teológico do Novo Testamento. Tradução de Márcio L. Redondo e Fabiano Medeiros. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 1061.

[2] LOWERY, David K. Teologia de Mateus. In: ZUCK, Roy (E.). B. Teologia do Novo Testamento. Tradução de Lena Aranha. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 36,37.

[3] LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Tradução de Degmar Ribas Júnior. São Paulo: Hagnos, 2003, p. 85.

[4] STAMPS, Donald C. (E.). Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995ibid., p. 1412.

[5] Cf. JEREMIAS, J. Teologia do Novo Testamento. 2. ed. Tradução de João Rezende Costa. São Paulo: Teológica, Paulus, 2004, p. 161; KÜMMEL, Werner Georg. Síntese teológica do Novo Testamento. 4. ed. Tradução de Sílvio Schneider e Werner Fuchs. São Paulo: Editora Teológica, 2003, p. 54; LOWERY, ibid., p. 37,38 e Declaração de Fé das Assembleias de Deus, ibid., p. 101.

[6] STAMPS, ibid., p. 1248.

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