O livro Introdução ao Novo Testamento, de Bruce M. Metzger, publicado em janeiro/2025, pela editora Hagnos, em uma daquelas obras que fazem apologia aos chamados “manuscritos mais antigos” (Códice Sinaítico, Vaticano, etc.), de origem egípcia (alexandrinos).
No apêndice intitulado “A transmissão e a Tradução da Bíblia”, Metzger chama o Códice Sinaítico (Codex Sinaiticus) de “uma cópia magnífica” (p. 354). Na mesma página, ao negar a originalidade do final da Oração do Senhor em Mateus 6.13 (“Pois teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém”) e a originalidade da palavra “jejum” em passagens como Marcos 9.29, Atos 10.30 e 1 Coríntios 7.5, ele diz de forma depreciativa que esses “acréscimos” resultam do uso pelos copistas de uma “forma posterior do texto grego”, uma clara alusão à tradição textual bizantina, que é a base manuscritológica do Textus Receptus, Texto Majoritário e do Novo Testamento Grego Segundo a Família 35, e das versões bíblicas Almeida Revista e Corrigida, Almeida Corrigida Fiel e King James 1611.
Metzger qualifica de “uma cópia magnífica” (o Códice Sinaítico) o que outros aliados seus em favor do texto grego alexandrino e do texto crítico-eclético-ecumênico das Sociedades Bíblicas Unidas consideraram como: “O texto, que apresenta muitas leituras singulares (e descuidos) […].”[1] Os dois principais códices alexandrinos (Sinaítico e Vaticano), somente no evangelho discordam entre sim mais de 3.000 vezes.[2] Esses códices omitem milhares de palavras e diversos versículos do Novo Testamento, além de conter erros grotescos, transcritos em O Novo Testamento Gregos (SBU), e alguns desses reproduzidos nas versões bíblicas modernas (NAA, NVI, etc.).
No caso da palavra “jejum” nas passagens bíblicas acima citadas, a maioria dos manuscritos gregos disponíveis atestam a originalidade das mesmas.[3]
Observe os seguintes casos presentes nos Códices Sinaítico e Vaticano e em O Novo Testamento Grego (SBU):
– Mateus 1.7,8: Coloca Asafe (2% dos mss) na genealogia de Jesus em lugar de Asa (98% dos mss). A NAA corrige (esconde) esse erro em seu texto.
– Mateus 1.10: Coloca Amós (2% dos mss) na genealogia de Jesus em lugar de Amon/Ammon (98% dos mss). A NAA corrige (esconde) esse erro em seu texto.
– Lucas 4.44: Coloca “Judeia” (4,1% dos mss) em lugar de “Galileia” (94,7% dos mss). Ver as passagens paralelas de Mateus 4.23 e Marcos 1.39. A NAA reproduz esse erro em seu texto.
A justificativa de Metzger (ele mesmo) e dos demais editores de O Novo Testamento Grego (SBU) para manter em O Novo Testamento Grego (SBU) os erros dos Códices Sinaítico e Vaticano em Mateus 1.7,8,10, foi que: “ […] já que o evangelista pode ter derivado material para a genealogia, não diretamente do AT, mas das subsequentes listas genealógicas, onde ocorria a soletragem errada, a comissão não viu razão para adotar o que parece ser uma emenda escribal”,[4] ou seja, o evangelista Mateus pode ter cometido erros nesses versículos, e por estarem supostamente presentes no texto original (e nos Códices Sinaítico e Vaticano), eles decidiram mantê-los. Para esses editores, alguns copistas corrigiram esses supostos erros de Mateus nas cópias (emenda escribal).
No caso de Lucas 4.44, Metzger e os demais editores (entre esses um cardeal católico liberal) alegam que a forma Ἰουδαίας (Judeia) é a mais difícil, e por razões metodológicas adotaram essa forma errada, alegando mais uma vez que os copistas corrigiram-na para Γαλιλαίᾳς (Galileia).[5]
Onde ficam nesses casos, as doutrinas da inspiração e da inerrância da Bíblia Sagrada?
O livro Introdução ao Novo Testamento, de Bruce M. Metzger, apesar de nos capítulos iniciais trazer diversas informações úteis, ao final presta esse desserviço crítico às Escrituras Sagradas, ao promover o ecletismo e o ecumenismo textual de natureza teológica liberal.
[1] ALAND, Kurt; ALAND, ALAND, Kurt; ALAND, Barbara. O texto do Novo Testamento: introdução às edições científicas do Novo Testamento Grego bem como à teoria e prática da moderna crítica textual. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 117.
[2] HOSKIER, H. C. Codex B and its allies: a study and an indictment. V. 2. London: Bernard Quaritch, 1914.
[3] PICKERING, Wilbur N. O Novo Testamento Grego Segundo a Família 35: texto grego e aparato crítico. Brasília: Os Semeadores, 2021.
[4] METZEGER, Bruce M. Un comentário textual al Nuevo Testamento griego. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft/German Bible Society, 2006, p. 1,2.
[5] Ibid., p. 114,115.
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