O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) foi constituído em 23 de agosto de 1948, na cidade de Amsterdã, na Holanda, vindo a se tornar a mais influente organização na promoção do ecumenismo. Representantes de duas organizações ecumênicas, a Vida e Ação e Fé e Constituição, reuniram em Londres em julho de 1937, e decidiram implantar uma assembleia permanente representativa das igrejas que assim desejassem. Um comitê provisório foi criado, estabelecendo os fundamentos para o CMI em questões constitucionais relativas à sua base, autoridade e estrutura. Entre outubro e novembro de 1938, convites formais foram enviados para 196 igrejas, e também ao secretário de Estado do Vaticano. Em 1948, após a guerra, 90 igrejas tinham aceitado o convite para se juntar ao CMI. O principal requisito para ser membro, além de outros, era concordar com a base sobre a qual seria formado o Conselho. O CMI manteria contato com as igrejas nacionais, e os organismo confessionais mundiais, conselhos nacionais de igrejas e organismos ecumênicos internacionais poderiam ser convidados a enviar representantes à primeira assembleia, mas teriam status de observador sem direito a voto. Na assembleia inaugural, realizada em 22 de agosto de 1948, havia 147 igrejas procedentes de 44 países, com quase todas as tradições cristãs representadas, exceto a Igreja Católica.[1]

A participação de pentecostais no CMI se deu em 1961.[2] Conforme Bruner:

Na conferência em Nova Deli os primeiros pentecostais – dois grupos chilenos – foram recebidos no Concílio Mundial. O sentimento pentecostal geral para com o pedido de afiliação no Concílio Mundial por estes grupos pode ser descrito como desfavorável. A experiência histórica do pentecostalismo o inclina a uma postura negativa diante de movimentos de união, especialmente com movimentos que, segundo ele entende, são compostos de igrejas não-conservadoras.[3]

A Igreja Pentecostal o Brasil para Cristo foi a primeira e a única igreja pentecostal brasileira membro do CMI, conforme carta de adesão, de julho de 1969.[4] O desligamento formal da referida igreja do CMI se deu conforme carta da Convenção Nacional das Igrejas Evangélicas Pentecostais o Brasil para Cristo, datada de 19/06/87.[5]

A formulação base ou ponto de referência da CMI, adotada pela terceira assembleia (Nova Delhi, 1961), foi que se trata de: “Uma comunhão de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como como Deus e Salvador segundo as Escrituras, e por isso buscam levar a cabo juntas o seu chamado comum para a glória do único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo”.[6]

Para o pastor Abraão de Almeida:

Tal base, todavia, é simplesmente teórica e utilitária, porque, na prática, ela é negada, bem como todos os outros princípios bíblicos fundamentais que caracterizam as igrejas genuinamente evangélicas. Por estes e outros motivos, esse movimento ecumênico não pode ser considerado evangélico.[7]

Como exemplo, Almeida cita algumas das bênçãos escritas para os cultos da terceira Assembleia da CMI, realizada em Nova Délhi, Índia, em 1961:

Para o culto de manhã de 29 de novembro de 1961, a bênção foi: “Cristo, nosso verdadeiro Deus, pela intercessão, de sua puríssima Mãe, sempre virgem Maria; de nosso Pai entre os santos, João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla; dos santos mártires Paramonus, Filoumenes e Faidre, a quem é dedicado este dia, e de todos os santos, terá misericórdia de nós e nos salvará pois ele é bom e ama a humanidade. Amém.” […] Para o culto da manhã de 21 de dezembro de 1961, a bênção foi: “Que Deus seja misericordioso para conosco e nos abençoe, e faça seu rosto brilhar sobre nós, e tenha misericórdia de nós… mediante as súplicas e orações que nossa Senhora Maria Theotokus e os Profetas e os Apóstolos e os mártires e os carregadores da cruz e os justos fazem sempre em nosso favor. A Ti, Senhor, seja a glória, a majestade, o domínio e o poder para sempre. Amém”.[8]

Pode-se, porventura, chamar um tal movimento de evangélico? Questiona Almeida, afirmando ainda que nenhum cristão bíblico pode ser realmente ecumenista no sentido preconizado pelo CMI. Apenas os neomodernista, não enxergam obstáculos doutrinários em sua marcha pela união de todas as igrejas. Em 1954, em Evanston, EUA, foi explicado que o Conselho abrangeria todas as denominações, e nessa ocasião levantou-se o símbolo do movimento: um barco à vela e neste o desenho de uma cruz, significando “todos numa mesma causa.”[9]

O pastor Raimundo de Oliveira, cita a justificativa dada pelo reverendo Alexander Davi, da Igreja Reformada, e professor do Seminário Teológico da Fé, de Gujranwala, Paquistão, ao abandonar o CMI:

O Concílio Mundial de Igrejas está nos levando para a Igreja Católica Romana. O seu programa expresso é conseguir a união de todas as denominações protestantes em primeiro lugar; depois a união com a Igreja Ortodoxa Grega, e finalmente a Igreja Católica Romana. […] Essa união com a Igreja Católica Romana será uma grande tragédia para as igrejas protestantes, porque, em consequência, destruirá o testemunho distintivo do protestantismo. A Igreja Católica Romana não modificou a sua doutrina desde os dias da Reforma do Século XVI, pelo contrário, tem acrescentado muitas tradições e superstições ao seu credo. Portanto, no caso de uma união, as igrejas protestantes serão, em última instância, absorvidas em uma igreja católica monolítica (O Presbiteriano Bíblico, dezembro de 69 e maio de 70).[10]

Ainda para o Raimundo de Oliveira, o CMI, com a sua política ecumênica, está servindo de instrumento de Satanás para levantar na Terra uma superigreja que, após o arrebatamento da verdadeira e triunfante Igreja, dará suporte espiritual ao governo do Anticristo, da Besta e do Falso Profeta, durante a Grande Tribulação.[11]

Ao conceituar o ecumenismo, o pastor Antonio Gilberto afirmou ser: “Movimento religioso, liberal e modernista, que visa unificar todas as igrejas e denominações. O movimento ecumênico é impulsionado pelo Concílio Mundial de Igrejas”.[12]

Para o pastor Claudionor de Andrade, o ecumenismo na atualidade é uma das maiores bandeira da Igreja Católica Romana, na busca para que todos se abriguem sob a égide papal.[13]

Apesar da Igreja Católica Romana não ser membro pleno do CMI, participa de dois organismos. O CMI já foi visitado pelos papas Paulo VI em 1969,[14] João Paulo II em 1984 e Francisco em junho de 2018, por ocasião da celebração pelos 70 anos da criação do Conselho Mundial de Igrejas, realizada em Genebra.[15]


[1] LOSSKY, Nicholas et al (E.E.). Dicionário do Movimento Ecumênico. Tradução de Jaime Clasen. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, p. 262-264.

[2] ALENCAR, Gedeon. Ecumenismos e pentecostalismo: a relação entre o pescoço e a guilhotina? São Paulo: Editora Recriar, 2018, p. 63.

[3] BRUNER, Frederick Dale. Uma introdução geral ao Movimento pentecostal. Disponível em: http://monergismo.com/textos/pentecostalismo/introducao-geral-m-pentecostal_dale.pdf, acesso em 17/6/2021.

[4] ALENCAR, ibid., p. 80-82.

[5] Ibid., p. 90,91.

[6] LOSSKY, ibid., p. 264.

[7] Almeida, Abraão de. Teologia Contemporânea (p. 183). CPAD. Edição do Kindle.

[8] Ibid., p. 183,184.

[9] Ibid., p. 184.

[10] OLIVEIRA, Raimundo F. de. Seitas e heresias: um sinal dos tempos. 22. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 249.

[11] Ibid. p. 251.

[12] Antonio Gilberto. A Religião e as Filosofias Anticristãs. Disponível em http://www.cpadnews.com.br/blog/antoniogilberto/fe-e-razao/5/a-religiao-e-as-filosofias-anticristas-(1%C2%AA-parte).html?fbclid=IwAR2vK9eALqQlq5MhK-zshCHDJMVQUPRpZ9tvxYLgJZAYzExbqMN8mpRthQQ

[13] ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 132.

[14] Disponível em https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-06/paulo-vi-ecumenismo-conselho-mundial-igrejas-reflexao.html, acesso em 17/06/2021.

[15] Disponível em https://franciscano.org.br/comunicacoes/noticias/item/843-saiba-como-foi-a-visita-do-papa-a-genebra-para-a-celebracao-dos-70-anos-da-criacao-do-cmi, acesso em 17/06/2021, e https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-06/papa-francisco-genebra-wcc-encontro-ecumenico.html

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