Nos últimos anos, o pentecostalismo assembleiano brasileiro voltou a ser alvo do movimento ecumênico, agora também vestido com uma roupagem acadêmica e teológica.
A questão ecumênica esteve em pauta na Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil de 1962, onde ao final das discussões foi proposta uma nota de repúdio ao ecumenismo, a ser publicada no jornal Mensageiro da Paz, voltada para os assembleianos, e que deveria ter o caráter de instruí-los a não aderirem ao ecumenismo. Em 1985 o tema foi novamente abordado.[1] Além disso, o Estatuo da CGADB em seu Art. 9°, inciso IV, afirma que é vedado aos membros da CGADB “vincular-se a movimento ecumênico”.[2] A posição não ecumênica das Assembleias de Deus no Brasil é evidenciada também, através dos artigos publicados em seus periódicos oficiais e no portal CPAD News.
No artigo intitulado “O Ecumenismo Religioso e o Jugo Desigual”, Ciro Zibordi afirma:
O ecumenismo aparenta ser um bom caminho, em razão de pregar a tolerância à diversidade religiosa e a oposição a quem defende uma verdade exclusiva. No entanto, isso tem como objetivo calar os pregadores da Palavra de Deus. O ecumenismo se baseia no princípio “democrático” de que cada pessoa deve guardar a sua verdade contundente para si e prioriza, supostamente, o amor ao próximo e as “verdades” inofensivas. Lembremo-nos de que o Senhor Jesus asseverou que não existe unidade motivada pelo amor divorciada da verdade da Palavra: “Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. […] Se alguém me ama, guardará a minha palavra” (Jo 14.15-24).[3]
Em um outro artigo publicado no portal CPAD News, intitulado “Atanásio Contra o Mundo, em Defesa da Sã Doutrina”, de autoria de Claudionor de Andrade, onde aponta algumas ameaças contra o Movimento Pentecostal, lemos:
O ecumenismo que, a princípio, era denominacional e evangélico e, logo depois “cristão”, algemando católicos e protestantes, evoluiria para o monoteístico e abraãmico, incluindo o Judaísmo e o Islamismo, nivelando-os ao Cristianismo. Agora, já não disfarça suas pretensões pan-religiosas. A esse ecumenismo, vem aderindo partes consideráveis da pentecostalidade acadêmica brasileira e mundial. Um ecumenismo, aliás, esquerdista, ecológico e anticristão. Se não vigiarmos, os compromissos inter-religiosos impedir-nos-ão de levar o Evangelho de Cristo até aos confins da terra. Somos contra as guerras e os entreveros religiosos. No entanto, não podemos deixar de proclamar o Evangelho de Cristo a todas as nações. Que jamais nos submetamos aos caprichos do globalismo, do pós-modernismo e da agenda do Anticristo.[4]
Na coluna Universo Cristão do CPAD News, o artigo “Pastores evangélicos se reúnem com Papa para dialogar sobre o cristianismo”, diz:
De acordo com uma pesquisa feita pela LifeWay Research, 40% dos pastores protestantes americanos afirmam ter uma visão mais positiva sobre a Igreja Católica depois da liderança do pontífice argentino. Para Ed Stetzer, diretor da LifeWay, observar o apoio ao papa vindo de pastores protestantes, que surgiram após a Reforma Protestante, é algo contraditório. “A pesquisa mostra, de fato, o resultado do ‘Efeito Francisco’, já que ele é apoiado pelo grupo de pessoas nomeadas para protestar contra a própria fé conduzida pelo papa.” “Os precursores dos atuais pastores protestantes — Lutero, Wesley, Spurgeon e muitos outros — certamente não veriam o papa como seu ‘irmão em Cristo’. Dentro de alguns séculos, o papa passou de ‘anti-Cristo’ para ‘irmão em Cristo’ para muitos protestantes”, alertou Stetzer. De acordo com o pastor Bruno dos Santos, o movimento ecumênico promovido pelo pontífice apresenta mensagens de tolerância, paz e humanidade, mas é contrário ao governo de Jesus Cristo. “No ecumenismo, Jesus Cristo perde a sua posição de Cabeça da Igreja, pois o Vaticano diz que a mãe de todas as igrejas cristãs é a Igreja Católica Romana e que o seu cabeça é o Papa. Ele pode mudar até o que Jesus e seus apóstolos ensinaram”, explica o pastor. “O ecumenismo depõe da posição de Cristo como única fonte de salvação. Se uma igreja que crê e prega que só a Fé em Cristo é que salva, misturar-se a outra que crê e prega que algo mais é necessário para ‘completar, assegurar ou garantir’ a salvação, como poderão conciliar posições tão distintas?”, questiona.[5]
Na obra “Defendendo o Verdadeiro Evangelho”, escrita por José Gonçalves, lemos:
O “Cavalo de Tróia” como ficou mundialmente conhecido, era um grande cavalo feito de madeira. Os gregos que tinham a intenção de conquistar Tróia foram aconselhados por Ulisses a fazer esse grande cavalo e mandá-lo de presente para Tróia. Dentro do “presente dos gregos” estavam muitos guerreiros, que dessa forma podiam se infiltrar entre os troianos e surpreendê-los. Está claro que o ecumenismo pretendido pelo romanismo não passa de uma “Operação Cavalo de Tróia”, na versão religiosa […]. A tradição protestante sempre rejeitou qualquer pretensão a um suposto ecumenismo encabeçado pela igreja de Roma. Já ficou demonstrado que a unidade da igreja em épocas passadas era buscada através da força, mas agora os tempos são outros. O discurso e as estratégias do romanismo em busca da unidade se aperfeiçoaram também. As decisões agora não são mais verticalizadas, mas horizontalizadas, isto é, procura-se estabelecer um diálogo com os antigos hereges, e o caminho mais curto para isso é o do ecumenismo.[6]
O Esequias Soares, ao comentar a Lição Bíblica de Jovens e Adultos do 2º Trimestre de 2002, diz acerca do ecumenismo:
Concordamos com a unidade da Igreja, desde que genuinamente cristã, e isso é bíblico (Jo 17.21; Ef 3.4,5). Como podemos comungar com um evangelho que foi rejeitado pelos reformadores? O apelo dramático da Reforma Protestante de Sola Scriptura, Sola Gracia, Solo Cristus e Sola Fides para o retorno às Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática, agora é desfeito em cinzas com o CMI (Conselho Mundial de Igrejas). Isso se chama união de igrejas ou retorno ao catolicismo romano? Esta é apenas uma das razões porque não aderimos e nem apoiamos o movimento.[7]
No artigo publicado na Revista Obreiro (ano 23, nº 14, abril/2001, p. 25-27), intitulado “Religião, Filosofias Anticristãs”, de autoria de Antonio Gilberto, o ecumenismo é listado como um dos perigos que os obreiros precisam conhecer para evitar o pior, sendo conceituado como: “Movimento religioso, liberal, modernista, que visa unificar todas as igrejas e denominações. O movimento ecumênico é impulsionado pelo Concílio Mundial de Igrejas, fundado em 1948, em Amsterdã, Holanda”.[8]
As Assembleias de Deus no
Brasil (CGADB), através dos seus órgãos e periódicos oficiais, continuam com a
sua posição antiecumênica firmada e declarada.
[1] DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 342,343.
[2] Estatuto, Regimento Interno & Código de Ética da CGADB. Rio de Janeiro: 2017, p. 8.
[3] ZIBORDI, Ciro Sanches. O Ecumenismo Religioso e o Jugo Desigual. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/, acesso em 9/5/2021.
[4] ANDRADE, Claudionor. Atanásio Contra o Mundo, em Defesa da Sã Doutrina. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/, acesso em 9/5/2021.
[5] Pastores evangélicos se reúnem com Papa para dialogar sobre o cristianismo. Disponível em: http://www.cpadnews.com.br/universo-cristao, acesso em 9/5/2021.
[6] GONÇALVES, José. Defendendo o verdadeiro evangelho. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 125,126,133.
[7] SOARES, Esequias. Lições Bíblicas Jovens e Adultos: Oséias: a restauração dos filhos de Deus. 2º Trimestre. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 67
[8] ALENCAR, Gedeon Freire. Ecumenismos & pentecostalismos: a relação entre o pescoço e a guilhotina? São Paulo: Editora Recriar, 2018 , p. 73.
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