“De igual forma, a Hermenêutica Pentecostal sadia não é uma negação do método histórico-gramatical. Por outro lado, não é um apego rigoroso e absoluto a esse método […]. “não abraçamos de forma absoluta o método histórico-gramatical (que cria um cânon dentro do cânon).” (Manifesto)

As citações acima, extraídas do Manifesto supra citado, colaboram de forma significativa para combater a rejeição ao método histórico-gramatical, proposta por alguns autores pentecostais:

“Daí porque o pentecostal não pode seguir os métodos hermenêuticos dos liberais e nem dos reformados, pois ambos são ajustados para embasarem as ideias e crenças de ambos os grupos”. (Pentecostalismo e Pós-modernidade, CPAD, 2017, p. 220).

“Obviamente, tal exegeta não pode estar estabelecido em bases racionalistas da Modernidade cujos principais projetos hermenêuticos se estabeleceram (estabelecem) através da busca objetiva da intenção do autor como fazem as leituras histórico-gramatical e histórico-crítica”. (Experiência e hermenêutica pentecostal, CPAD, 2018, p. 51)

Esta última obra foi retirada de circulação pela própria editora, após receber diversas denúnicas, e reconhecer os problemas que poderia trazer para a prática hermenêutica no contexto pentecostal brasileiro.

Percebam a ênfase dos autores na expressão “não pode”, em vez de “não deve apenas utilizar” o método histórico-gramatical (ou dos reformados). Não poder utilizar é diferente de não dever priorizar ou usar exclusivamente um método.

O Manifesto se alinha corretamente com as posições abaixo (que são minhas também):

“O pluralismo metodológico deve ser encorajado, pois cada método terá pontos cegos que só podem ser superados por meio de outra abordagem” (Kevin Vanhoozer, Há um significado nesse texto?”, Vida,2005, p. 493)

“Exegese é o ato de “extrair” do texto seu significado, em contraste com a eisegese, que é impor ao texto o significado que desejamos que ele tenha. Trata-se de um processo complexo e constitui o coração da teoria hermenêutica, cuja tarefa é primeiro definir o significado prentendido pelo autor para depois aplicá-lo à nossa vida. […] Considerando que o cristianismo é uma religião histórica, o intérprete deve reconhecer que uma compreensão da história e da cultura dentro da qual a passagem foi produzida é um instrumento indispensável para descobrir o significado de tal passagem.” (Grant R. Osborne, A espiral hermenêutica, Vida Nova, 2009, p. 69,198).

“Acreditamos que todos os estudantes da Bíblia devem empregar todos os métodos e técnicas úteis que os capacitem a descobrir o sentido de um texto, sem se importar com quem os criou ou com quem os aperfeiçoou”. Adotamos os métodos históricos em nossa investigação do sentido da Escritura. Já que a fé está ligada ao que aconteceu na história, nos comprometemos a conhecer a história bíblica, mesmo quando ela entra em conflito com a tradição posterior da Igreja. Posicionamo-nos junto ao autor de 2 Pe 1.16: ‘Não seguimos fábulas engenhosamente inventadas’. Assim, os métodos históricos e literários se tornam essenciais para entender e explicar o registro bíblico”. (William W. Klein; Craig L. Blomberg; Robert L. Hubbard Jr., Introdução à interpretação bíblica,Thomas Nelson Brasil, 2017, p. 273-276).

“Oferecer reconstruções históricas da forma mais responsável possível (dados os limites das evidências e dos nossos próprios horizontes) é um objetivo racional que não precisa ser descartado simplesmente porque não pode ser alcançado perfeitamente.” (Craig S. Keener, A hermenêutica do Espírito, Vida Nova, 2018, p. 245)

“A razão por que não devemos começar com o aqui e atualmente é que o único controle apropriado para a hermenêutica se acha na intenção original do texto bíblico. Conforme notamos anteriormente neste capítulo, esse é o ‘significado claro’ que estamos procurando. De outra forma, os textos bíblicos podem ser forçados a significar tudo quanto significam para qualquer leitor determinado. Tal hemenêutica, no entanto, torna-se pura subjetividade, e quem, pois, vai dizer que a interpretação de uma pessoa é certa, e a de outra pessoa, errada? Qualquer coisa serve. Em contraste com semelhante subjetividade, insistimos que o significado original do texto – dentro dos limites da nossa capacidade para discerni-lo – é o ponto objetivo de controle”. (Gordon Fee, Entendes o que lês?, Vida Nova, 2011, p. 38)”

“Há muito que argumento que a primeira tarefa da exegese é entender a intenção do autor do texto, tanto quanto pé historicamente possível, com todas as ferrramentas que nos estão disponíveis como historiadores. É no que ainda acredito, mesmo no tempo pós-moderno, onde estudiosos, cheios de contradições internas, intencionalmente escrevem livors e artigos para me dizer que a intenção do autor é irrelevante para a boa leitura de um livro.” (Gordon Fee, Exegese, para que? CPAD, 2019, 308)

Na tentativa de valorizar a subjetividade do leitor, a objetividade no processo da interpretação bíblica não deve ser descartada ou desconsiderada.

A hermenêutica bíblica, quando aplicada por pentecostais, deve considerar os métodos que contribuem na busca pelo sentido do texto e pela intenção autoral.

Manifesto: http://www.cpadnews.com.br/…/manifesto-do-conselho-de…

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