Havia música e cânticos nas sinagogas no período do Novo Testamento? Entre os muitos teólogos e historiadores que compreendem que sim, estão:
“Não encontramos evidência alguma de que a Igreja do Novo Testamento usasse a liturgia judaica do templo como modelo para seus cultos. Ao que parece, tomaram como exemplo os cultos nas sinagogas locais, com ênfase na oração, leitura da Palavra, exposição, exortação e o cântico de hinos.” (WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Pentateuco. Tradução de Susana E. Klassen. Santo André, SP: Geográfica, 2006,, v. 3, p. 358,359.)
A partir das evidências do Novo Testamento, parece provável que os primeiros crentes integraram muitas das práticas da sinagoga na sua adoração. Os principais elementos do serviço da sinagoga e sua ordem são bem atestados: o Shemá [recitação de Deuteronômio 6:4], orações, leituras bíblicas, uma bênção e um sermão. Na verdade, durante algum tempo, os crentes judeus e os prosélitos crentes continuaram a adorar na sinagoga antes de serem excomungados ou de partirem para ambientes mais cómodos. (Adoração na Bíblia. Disponível em https://ag.org/Beliefs/Position-Papers/Worship-in-the-Bible, acesso em 02/05/2024.)
“Cada pessoa, independentemente do papel e da classe social pode animar a oração, entoar um canto, ler a Torá ou tomar a palavra, supondo evidentemente que tenha um mínimo de idade (12-13 anos) e capacidade para fazê-los […]”. (SANTE, Carmine di. Liturgia judaica: fontes, estrutura, orações e festas. Tradução de João Aníbal Garcia Soares Ferreira. São Paulo: Paulus, 2004, p. 188)
“Enquanto o culto religioso no Templo de Jerusalém, era efetuado em escala espetacular e cerimoniosa, atraindo principalmente à vista e ao ouvido, foi realmente nas sinagogas humildes que o povo judeu viveu suas experiências religiosas mais intimistas e gratificadoras. ‘O Santificado – abençoado seja Ele!’ declarava o Talmud, ‘vai de sinagoga em sinagoga e de Casa de Estudo em Casa de Estudo, para poder dar as Suas bênçãos a Israel’. Filon observou com grande satisfação: ‘mesmo que o fieis não tragam nada mais, ao trazerem-se a si mesmos eles oferecem os melhores sacrifícios, a oferenda completa e verdadeiramente perfeita no nobre viver, louvando com hinos e graças a seu Benfeitor e Salvador – Deus.’” (AUSUBEL, Nathan. Judaica: conhecimento judaico II. Tradução de Eva Schechtman Jurkiewicz. V. 6. Rio de Janeiro: A. Koogan, 1989, p. 803)
“O fato histórico é que a Igreja se atinha a alguns dos cantos e entoações modais que haviam sido herdadas, como parte de uma tradição fixa, dos primeiros sectários judeus-cristãos. Os cantos gregorianos, como reconhecem até mesmo os maiores musicólogos cristãos, eram adaptações bem próximas dos antigos modos de canto da Torah correntes na Sinagoga.” (AUSUBEL, ibid., v. 5, p. 333)
“Durante e após o exílio, surgiu um novo tipo de adoração. Ela enfatizava a oração, a leitura das Escrituras e o cântico dos salmos. Mais tarde fundou-se a sinagoga, e renovou-se a adoração em família”. (SMITH, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem. Tradução de Hans Udo Fuchs e Lucy Yamakami. São Paulo: Vida Nova, 2001, p. 307)
“Os estudiosos judaicos nos ajudaram a formar um retrato do padrão essencial da adoração na sinagoga. […] Há três elementos principais: o louvor, a oração e a instrução. É a nota de louvor coletivo que abre o culto, o que se harmoniza com o princípio preconizado no Talmude: “O homem deve sempre proferir louvores em primeiro lugar, e depois orar”. A adoção desse procedimento talvez esteja subentendida na instrução de 1 Coríntios 14.26, que encabeça a lista dos atos coletivos de adoração cristã na igreja de Corinto com um “hino” (ou “salmo”) de louvor. O “presidente” convoca o “assistente” (v. Lc 4.20) (ou “ministro”) a convidar alguém da congregação para começar o culto com esse “chamado ao louvor”, que consiste na exclamação: “Bendizei ao Senhor, aquele a quem se deve bendizer”. O povo responde com a bênção: “Bendito seja o Senhor […] para sempre”, no espírito de Neemias 9.5. No início, portanto, os adoradores são convidados a pensar em Deus e a recolher sua grandeza e bênção.” (MARTIN, Ralph P. Adoração na igreja primitiva. 2. ed. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Vida Nova, 2012, p. 35.)
“Os salmos poderiam ser apresentados de quarto formas: (a) em solo, com a participação do chazan, em resposta ao solo, a congregação (ou mais tarde, o coro) agregaria os améns, aleluias e outras pequenas aclamações; (b) o salmo em acróstico, cujo verso vêm em ordem alfabética; (c) o salmo com refrão; (d) o salmo Aleluia, que começa ou termina com esse vocábulo: “(…) a salmodia foi o grande legado da Sinagoga para o cristianismo judaico, e dali para a igreja gentia”. (FREDERICO, Denise Cordeiro de Souza. Cantos para o culto cristão. São Leopoldo: Sinodal, 2001, p. 88.)
“Ao que parece, em algumas sinagogas, neste estágio o povo cantava seguindo o Livro de Salmos, essa famosa coleção bíblica que se tornou o livro dos cânticos religiosos das comunidades judias, como viria a ser da igreja cristã”. (DANIEL-ROPS, Henri. A vida diária nos tempos de Jesus. 2. ed. Tradução de Neyd Siqueira. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 242)
Altair Germano
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