Como temos falado, a versão da Bíblia Nova Almeida Atualizada (NAA) possui diferenças textuais em relação à versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), que embora não comprometa doutrinas centrais da fé cristã, produz algumas dificuldades na interpretação e exposição das Escrituras.

Na versão Almeida Revista e Corrigida (ARC), onde o texto do Novo Testamento se baseia principalmente em manuscritos gregos bizantinos (90 a 95% dos manuscritos), representados pelo Textus Receptus, Texto Majoritário e Família 35, lemos em João 10.19:

“Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai.”

Já na versão Nova Almeida Atualizada (NAA), onde o texto do Novo Testamento se baseia principalmente em manuscritos gregos bizantinos (1 a 2% dos manuscritos), representados pelo texto crítico-eclético-ecumênico das Sociedades Bíblicas Unidas (O Novo Testamento Grego), o mesmo versículo se encontra assim:

“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo, e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”

Ora, quem a Escritura de fato afirma que é maior: o Pai ou aquilo que o Pai deu ao Filho?

O leitor e expositor dessa passagem precisará tomar uma decisão entre um ou outro texto para elaborar a sua exegese, e consequentemente a sua mensagem. Sendo assim, a mensagem abordará a grandeza do Pai (conforme a ARC) ou a grandeza daquilo que o Pai deu ao Filho (conforme a NAA).

A tradição textual bizantina, juntamente com o Códice Alexandrino (séc. V) e os Papiros 66 e 75, favorecem a tradução “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos”. Os problemáticos Códices Sinaítico e Vaticano (séc. IV), favorecem a tradução “Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo”.

Conforme F. F. Bruce:

“A tradução mais antiga da ARC tem ‘meu Pai, que mas deu, é maior do que todos’ e foi deixada de lado pela última revisão do texto grego Nestle. Ela segue o texto bizantino, e agora sabe-se que tem o apoio antigo do Papiro 66. Esta tradução da ARC faz um sentido tão bom que o único argumento em favor da outra tradução é que nenhum escriba a teria mudado se tivesse lido ‘meu Pai, que mas deu, é maior do que todos’ no seu original. Em que sentido poderia ser dito que “aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo? ‘Significaria (a) que o rebanho de Cristo é maior que todas as forças que se lhe opõem… – acho que João nunca teria dito tal coisa – ou (b) que a autoridade dada por Deus a Cristo é suprema (veja 13.3), o que é um pensamento joanino, mas não é obviamente apropriado aqui’. Assim C. H. Dodd comenta este versículo; e ele acrescenta que a versão meu Pai, que mas deu… ‘tem apoio mais amplo porém de menos peso, mas provavelmente deve ser adotada”. (João: introdução e comentário, Vida Nova, 1997, p. 201,202)

D. A. Carson, que ao comentar o versículo cita o texto conforme a ARC, observa que:

“A leitura escolhida é a da tradição bizantina, mais recentemente apoiada por um papiro antigo, P 66. Ela está mais de acordo com o contexto, e várias conjecturas razoáveis são apresentadas para explicar como essa leitura óbvia pode muito bem ter sido corrompida tão profundamente na tradição manuscrita”. (O Comentário de João, Shedd Publicações, 2011, p. 394,395)

É exatamente isso que a NAA faz com esse versículo, corrompe profundamente o texto.

No Comentário Bíblico Pentecostal (CPAD), lemos:

“O crente nunca precisa duvidar da sua salvação – ela está assegurada pelo próprio Deus. Há alguém maior (v. 29)?” (2003, p. 560)

Dessa forma, a tradução da Almeida Revista e Corrigida (ARC) de João 10.29 deve ser preferível.

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