O termo grego didaché significa “instrução” ou “doutrina”. Em termos de obra, trata-se de um escrito datado do final do século I da era cristã, estando assim bem próximo dos escritos do Novo Testamento.[1] Sua autoria é incerta, e sua data de composição mais provável é entre os anos 80 e 90 d.C.[2]
No ano de 1873, Filoteo Bryennios encontrou, na biblioteca do mosteiro do Santo Sepulcro, em Constantinopla, um rolo de manuscritos grego datado de 1905, onde entre eles achava-se um com o título Didaqué ou Ensino dos Doze Apóstolos. A primeira edição em forma livresca, feita por Bryennios, data de 1883.
Em 1887 o documento foi levado para a Biblioteca Patriarcal, em Jerusalém, onde atualmente se encontra. Desde então, várias reedições do documento foram feitas, servindo como fonte de estudo e pesquisa.[3]
Na Didaqué, duas menções ao Espírito Santo são feitas. A primeira se relaciona com a fórmula batismal, em consonância com Mateus 28.19:
Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se você não tem água cor- rente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.[4]
A segunda menção feita ao Espírito Santo está subentendida nos conselhos que envolvem o ministério de profeta:
Não coloquem à prova nem julguem um profeta que em tudo fala sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado.
Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É assim que vocês reconhecerão o falso e o verdadeiro profeta.
Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa, não deve comer dela. Caso contrário, trata-se de um falso profeta.
Todo profeta que ensina a verdade, mas não pratica o que ensina, é um falso profeta.
Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas não ensina a fazer como ele faz, não será julgado por vocês. Ele será julgado por Deus. Assim também fizeram os antigos profetas.
Se alguém disser sob inspiração. “Dê-me dinheiro” ou qualquer outra coisa, não o escutem. Contudo, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.[5]
Fica assim evidenciado a crença de que o profeta fala inspirado de uma forma bem própria e específica pelo Espírito.
[1] Didaqué: o catecismo dos primeiros cristãos para as comunidades de hoje. 13. ed. São Paulo: Paulus, 2003, p. 3.
[2] Padres apostólicos. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2008, p. 336-337.
[3] Ibid., p. 335.
[4] Ibid., p. 351-352.
[5] Apostólicos, Padres. Patrística – Padres Apostólicos – Vol. 1: Clemente Romano | Inácio de Antioquia | Policarpo de Esmirna | O pastor de Hermas | Carta de Barnabé | Pápias | Didaqué (Portuguese Edition) (pp. 229-230). Paulus Editora. Edição do Kindle.
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